Universidade Católica estima que quatro em dez angolanos são pobres
Fonte: SAPO Noticias
O Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN) estimou hoje que a taxa de pobreza em Angola ronde os 42%, enquanto a da pobreza extrema se situa nos 20%.
Segundo o diretor do CEIC, Alves da Rocha, os números sinalizam a “degradação constante do nível de vida dos angolanos”, motivada pela crise que o país vive desde finais de 2014.
“Em 2015 a capacidade de crescimento da economia foi apenas de 0,5%”, notou o economista, que hoje apresentou, em Luanda, o Relatório Económico de Angola 2018, salientando que “a partir daí, Angola entrou em processo de desaceleração económica, o que significa que, em cada ano, se produzem menos bens e serviços”,
A décima sétima edição do estudo, orçado em cerca de 19 milhões de kwanzas (cerca de 35 mil euros), aborda a política orçamental, monetária e cambial, analisa a balança de pagamentos e o nível geral da atividade económica de Angola em 2018, bem como o emprego e a produtividade nesse período.
Para o docente da UCAN, a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) comparada à taxa de crescimento da população, estimada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 3,1%, evidencia a “degradação acentuada do nível de vida dos angolanos que desde 2015 atingiu os 15,5%”.
“Em cada ano os angolanos ficam mais pobres, não só porque não há crescimento na economia, mas também porque o desemprego aumenta e consequentemente não há fontes de rendimentos para as famílias”, apontou, lamentando a situação.
Na ocasião, o coordenador do CEIC deu conta que a instituição estima que a taxa de pobreza em Angola andará a volta dos 42% enquanto a taxa de pobreza extrema se aproxima dos 20%, embora aguarde ainda dados definitivos do instituto de estatísticas angolano (INE).
Ou seja, observou, “é muita gente fora do circuito normal da economia e que fica incapacitada de obter rendimentos necessários para a família”.
Alves da Rocha apontou igualmente o desemprego, cuja taxa cresceu 8,8% nos últimos dois anos, atingindo 28,8% da população ativa, segundo um relatório do INE divulgado em abril passado, como uma das “consequências das reformas e do reajustamento macroeconómico em curso”.
“A população desempregada aumentou entre abril e agosto, com cerca de 250.000 pessoas que não conseguiram manter os seus empregos, o que equivale a uma perda de PIB de cerca de 5 mil milhões de dólares”, realçou o académico, para quem as taxas elevadas de desemprego “correspondem a uma menor capacidade de crescimento da economia”.