Empresas que exploram diamantes podem provocar consequências irreversíveis às populações das Lundas

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A exploração de diamantes na região das Lundas poderá gerar graves impactos ambientais, por vezes, irreversíveis, por ser um gerador de consequências de longa duração capazes de atingir, não apenas, os indivíduos que trabalham directamente com a actividade, mas também biomas e pessoas que residem próximas às áreas onde são retirados os mineirais.

Rádio Angola

Jordan Muacabinza, activista social, defensor de direitos humanos e investigador sobre alegados casos de violação sistemática dos direitos humanos nas naquela Região Leste do país, que a muito tem feito nas denúncias sobre as empresas que exploram o mineiro e pela destruição das lavras, agora com a devastação do meio ambiente.

Durante as investigações feitas, o Muacabinza disse que “os impactos da exploração diamantífera sobre as comunidades locais nas Lundas Norte e Sul, afectam muito os habitantes a redor das zonas de exploração são as principais vítimas.

“E, se não defender as terras que os nossos ancestrais deixaram para nós, quem virá para defender as mesmas?”, questiona o activista, para quem “defender a terra que me viu nascer é um direito”.

Jordan Muacabinza afirmou que “já visitei muitas áreas onde estão concentrados a maioria das empresas de grandes poderosos do país, nas províncias das Lunda-Norte e Sul, onde que se constatou muitas irregularidades na destruição do solo, devastação dos rios, da floresta, fauna e a falta de terras para o cultivo, o que futuramente poderá causar desastre ambiental como no caso de terramoto ou até mesmo sismo, o que considero de ser uma violação contra direitos humanos e ambientais”, disse o activista.

Relativamente às comunidades das áreas de extração-mineira, segundo Mucabinza, estão a correr riscos de não ter áreas para cultivo, e as empresas continuam a destruir lavras, que na sua visão, no passado eram compensados com tambores vazios e mais 45 mil kwanzas por cada lavra destruída.

Lembrou que os valores que recebiam não compensavam quase nada para suprir as necessidades básicas das populações naquelas comunidades. Essa prática continua a ser implementados pelas empresas, a titulo de exemplo, contou o activista, “muitos camponeses continuam a perder suas lavras nas áreas do Pone, área explorada pela empresa sociedade Mineira do Cuango”.

“Estamos a ficar sem terras para cultivo, porque essas empresas que exploram diamantes estão a destruir as terras e tudo fica esburacados, o que daqui em diante teremos conseqüências graves e irreversíveis”, lamentou.

O activista apelou ao ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Filipe Silvino de Pina Zau, no sentido de criar uma comissão multi-sectorial para constatar a destruição da natureza pela exploração desenfreada dos diamantes nas Lundas.

Habitantes do Leste e em particularmente da Lunda-Norte, afirmam que, “as empresas que praticam actividades de exploração mineira têm como principal objectivo a retirada da riqueza semeando ravinas e colinas, que dentro de pouco tempo vão surgir problemas.

Apontam problemas futuros como a remoção da vegetação na área de extração e evasão de animais habitantes da área, contaminação dos solos, sedimentação e poluição de rios por indevido descarte de material sem aproveitamento, poluição do ar, quando há queima de material, bem como a intensificação de processos erosivos.

Falam também da poluição de recursos hídricos, devido aos produtos químicos utilizados na extração mineral, contaminação das águas por vazamento de minerais extraídos, entre outros.

Factores pela redução da biodiversidade

O desmatamento, a poluição sonora, bem como a contaminação e poluição dos recursos hídricos e do solo provocam também a perda de biodiversidade. Muitos animais perdem seu habitat e acabam fugindo para outras áreas, bem como há perda de espécies de plantas na região devido à retirada da cobertura vegetal.

Perante esse desastre, os habitantes da região apelam o Executivo angolano, na pessoa do seu titular, João Lourenço e a seu Executivo, para reaver esta situação, pois as empresas que exploram os diamantes investem nos estrangeiros e afirmam que “onde são levados os tais diamantes há brilho, mas onde sai há pobreza e miséria”.

A falha do Executivo sobre a entrega das minas de diamantes

Jordan Muacabinza nota que, o Executivo angolano “é o principal causador da destruição do meio ambiente, que no ponto de vista, antes de serem entregues as áreas para serem exploradas, devia fazer um estudo profundo e analisar os impactos ambientais que podem ser gerados desde o planeamento do projecto, passando as etapas de implantação, operação e desativação”.

Por isso é necessário, disse, “antes de qualquer implementação da actividade mineradora, avaliar quais são os possíveis impactos negativos que podem ser causados ao meio ambiente na área a ser explorada”, acrescentando que se devia criar fiscais ambientais para o devido o controlo e acompanhamento das empresas, com a obrigatoriedade de exigir que, após a exploração essas empresa devem devolver as terras com vista a plantação de eucaliptos, para que, futuramente haja madeira.

Terras para cultivo é apoderado pelas empresas

Os populares entendem que, a Sociedade Mineira do Cuango (SMC) é uma das mais empresas de poderosos angolanos, que terá dado mais cabo aos habitantes desta região, quer a perda de vidas humanas, assim como a perda de terras de cultivo.

Contam que, durantes vários anos, muitos jovens mulheres morreram nessas zonas, por razões de freqüentarem locais de exploração diamantífera, sem qualquer responsabilização civil ou criminal dos seus autores, muitos devidamente identificados.

A população lamenta que nem às lavras conseguem ir devido à proibição de circular nas zonas de exploração. “Nós os donos das terras, não conseguimos andar, por estarmos restritos, pois quem tentar circular nos perímetros da empresa, é conotado como garimpeiro correndo o risco de perder a vida”.

“Somos proibidos de circular livremente na nossa própria terra, só quem circula livremente são eles proprietários de empresas”, acrescentam.

Radio Angola

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