UM RESGATE COM EJACULAÇÃO PRECOCE

Compartilhe
Domingos Bento | Jornalista

Até as damas já sabem que o homem que manda muita boca, armado em come todas e pai grande da zona normalmente é o mais fraco na cama. E gajos assim o meu amigo Maurício Vieira Dias trata-os de incompetentes sexual. E é desta forma que, às vezes, o nosso Estado se comporta.

No entanto, quando o Comandante Paulo de Almeida veio à público anunciar a “Operação Resgate”, com um tom quente, parece que no dia anterior havia recebido um disparate de uma zungueira, todos sabíamos que devia ser um autêntico fiasco por causa da forma abrupta e arrogante como estava a ser apresentado o projecto.

Sem olhar para todos os ângulos, desde meios técnicos e materiais, as dificuldades das pessoas, a preparação das administrações, a fome dos próprios polícias, o encaminhamento dos jovens e chefes de famílias que dependiam das ruas para sobreviver, o Governo anunciou a entrada em cena do “Resgate” como sendo o instrumento que podia pôr fim a todas as irregularidades que o país vive.

No primeiro dia da propalada e charmosa Operação, era notável a “erecção” da polícia em fazer sentir a autoridade do Estado com o encerramento de cantinas e lojas, eliminação de praças e vendas em locais impróprios, detenção de delinquentes, apreensão de viaturas que faziam serviços de táxi e o combate de outras acções que se encontram na contra-mão do funcionamento normal.

Apesar de ser ainda cedo para fazer um balanço geral, uma semana depois, a “frescura” não demorou e o Governo, mais uma vez, “se veio rápido”, pois o país voltou ao normal; os bandidos continuam a assaltar e a matar as pessoas nos bairro, os “mamadús” voltaram a abrir as suas cantinas apenas com um documento passado pelo “kota do bizno”, a gasosa e a yula não saíram da via, os acidentes e os assaltos nas estradas continuam a fazer vítimas, o garimpo de água nos bairros não desapareceu, ainda é forte a poluição sonora em períodos sensíveis, os micheiros das administração e conservatórias continuam a facturar e as igrejas vendedoras de fé seguem a extorquir e a explorar os cidadãos desgraçados sob olhar atento dos agentes da autoridade que têm vindo a se queixar de fome e falta de condições na via para o combate da operação.

Já as administrações e repartições públicas não conseguem dar respostas aos comerciantes e vendedores ambulantes que lotam esses espaços a procura de reconhecimento legal do Estado, demonstrando assim uma clara incompetência no funcionamento das instituições.

Está claro e todos concordamos que o Estado foi apressado demais em “perar” as más práticas. Os homens bons de cama sabem que “dama boa” é para ser apreciada e degustada com carinho e atenção. Assim também é a ilegalidade. Por falta de políticas públicas eficazes, grande parte dos cidadãos foram forçados e habituados a viver na irregularidade. E não é com correrias e pontapés que se vai “desmamar” essas pessoas. O bom senso, a auscultação das pessoas, o envolvimento da sociedade civil e a compreensão das necessidades são aspectos que não deviam ser ignorados para o êxito da operação.

Portanto, somos todos à favor da organização do país, porque não podemos continuar a viver na desorganização. Mas, antes da entrada em cena da “Operação Resgate”, seria bom que o próprio Estado se organizasse para não continuarmos a ter um Governo que muito fala e pouco faz, pois isso chama-se INCOMPETÊNCIA.

Leave a Reply