Surto de Cólera em Angola Alcança 20.688 Casos: Situação Continua Crítica em 18 Províncias

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Por Radio Angola

Luanda, 17 de maio de 2025 – O surto de cólera que assola Angola desde o início do ano continua a crescer e a preocupar autoridades sanitárias nacionais e internacionais. De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde, o país já registou 20.688 casos acumulados e 627 óbitos, com um aumento expressivo nas últimas 24 horas.

Apenas neste último dia foram reportados 241 novos casos e 3 mortes, indicando uma inversão da tendência de queda observada nos dias anteriores. O número de internamentos ativos chegou a 457, enquanto 308 pacientes receberam alta clínica.

Distribuição Geográfica dos Casos

A epidemia continua espalhada por 18 das 21 províncias, com foco crescente em zonas anteriormente menos afetadas. As províncias com maior número de novos casos nas últimas 24 horas incluem:

• Cuanza Sul: 61 casos

• Namibe: 53 casos

• Luanda: 37 casos

• Benguela: 34 casos

• Huíla: 18 casos

• Malanje: 11 casos

Casos também foram registados nas províncias de Cuando Cubango, Cuanza Norte, Cabinda, Icolo e Bengo, Bengo e Lunda Norte, mostrando a dimensão nacional da crise.

Causas Estruturais e Impactos

As autoridades atribuem a propagação da cólera à falta de acesso a água potável, saneamento precário, e infraestruturas de saúde debilitadas, especialmente nas zonas rurais. A chegada da época das chuvas agravou o quadro, aumentando a contaminação de fontes de água.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o surto como “grave e de alto risco”, alertando que para cada caso confirmado laboratorialmente, há em média quatro casos não notificados.

Ações de Resposta em Curso

Em resposta à emergência, o Ministério da Saúde, com apoio da OMS, UNICEF e outros parceiros, intensificou as seguintes ações:

• Criação e reabilitação de centros de tratamento da cólera

• Campanhas de vacinação oral em áreas de alto risco

• Distribuição de kits de higiene e purificação de água

• Mobilização de equipas de resposta rápida e de educação comunitária

• Fornecimento emergencial de água potável e sensibilização sobre práticas seguras

Apelo à Comunidade Internacional

Diante do agravamento do surto, o Governo angolano lançou um apelo à comunidade internacional para reforçar o apoio técnico e financeiro às ações de contenção. Organizações da sociedade civil também alertam para a necessidade de investimento sustentável em água, saneamento e saúde básica para evitar novas epidemias no futuro.

O surto de cólera em Angola é mais do que uma emergência de saúde pública: é um reflexo das desigualdades persistentes no acesso a direitos básicos como água limpa e serviços de saúde. Enquanto os números crescem, cresce também a urgência de uma resposta estruturada, coordenada e com foco na prevenção duradoura.