Relatório da Freedom House acusa Angola de pagar comentadores para espalhar propaganda pró-governo e atacar opositores
Segundo o relatório da organização Freedom House, publicado no dia 4 deste mês, Angola se serviu da empresa israelita Mind Force para manipular informações contra o principal partido da oposição UNITA nas redes sociais e outras plataformas digitais.
A empresa Mind Force, sediada em Israel, operava uma rede de contas em Angola e publicava conteúdo em apoio ao partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), e contra a UNITA.
“Um funcionário da Mind Force revelou publicamente que o Governo [angolano] era um cliente”, diz a Freedom House, no relatório sobre o aproveitamento da Inteligência Artificial (IA) para intensificar campanhas de desinformação na Internet.
O referido relatório da Freedom House sobre a liberdade na internet revela que Angola está entre os 47 países em que os governos recorreram a comentadores para manipular discussões online. Segundo o documento, esses comentadores são pagos ou instruídos para espalhar propaganda pró-governo, atacar opositores, desinformar o público ou distorcer a realidade nas redes sociais e outras plataformas digitais.
O relatório não especifica quais foram as técnicas ou as ferramentas utilizadas pela empresa Mind Force para manipular as informações, mas indica que alguns governos recorreram à inteligência artificial para gerar texto, áudio e imagens falsas ou distorcidas, com o objetivo de semear dúvidas, difamar os opositores ou influenciar o debate público.
Também o Brasil está entre os 47 países em que Governos recorreram a comentadores para manipular discussões ‘online’, com Brasília a utilizar Inteligência Artificial para distorcer informações, segundo o documento.
O relatório também denuncia que as autoridades angolanas censuraram e bloquearam conteúdos críticos ao governo ou relacionados com questões sensíveis, como os direitos humanos, a corrupção ou os conflitos étnicos. Além disso, o relatório aponta que houve violência e intimidação contra os jornalistas e os ativistas online, que foram frequentemente alvo de ameaças, agressões, detenções arbitrárias ou processos judiciais por parte das autoridades ou de grupos pró-governo.
O relatório classifica Angola como um país “parcialmente livre” na internet, com uma pontuação de 45 em 100, sendo 0 a pior e 100 a melhor. O relatório recomenda que os governos respeitem os direitos humanos na internet, promovam a transparência e a responsabilização dos atores que usam a inteligência artificial para manipular as informações, e apoiem a educação digital e a literacia mediática dos cidadãos.
Lusa/DW