O Discurso do Estado da Nação – Mais Uma Oportunidade Desperdiçada

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Por Shilda Cardoso

18 de Outubro de 2022

O discurso anual do Presidente da República à Assembleia Nacional, por imperativo do artigo nº 118 da Constituição da República de Angola, proferido neste último dia 15 de Outubro de 2022 por João Lourenço, acarretou como tem sido habitual, elogios pelos seus Angolanos e críticas pelos outros Angolanos. Porém, não obstante as variadas reacções ao tão esperado momento, é indiscutível a oportunidade desperdiçada pelo Presidente da República, João Lourenço, em demonstrar solidariedade, empatia, sensibilidade e compaixão com a árdua realidade socioeconômica de milhões de Angolanos nos últimos tempos.

Talvez fosse favorável ao Presidente, se lhe fizessem lembrar que apesar da vitória eleitoral por vontade expressa do soberano povo Angolano conforme ele mesmo refere, a sua popularidade diante das massas tem estado em declínio brusco e possivelmente em condição irreversível. Talvez fosse favorável ao Presidente, se lhe fizessem lembrar que os discursos robóticos, sustentados por dados estatísticos exagerados, sem nenhum vínculo humanístico pioram o estado da sua aceitação pública.Talvez fosse favorável ao Presidente, se lhe fizessem lembrar que o discurso do estado da nação é endereçado ao povo Angolano, e o povo espera uma mensagem de compaixão por parte do seu líder. Uma mensagem onde o Presidente deve categoricamente reconhecer e citar os problemas que assolam o cidadão comum nos dias de hoje, e consequentemente proferir os planos para os resolver.

Infelizmente, ao não fazer menção ao verdadeiro estado da nação, o Presidente continua a negar, ocultar e ignorar os reais problemas do país diante do povo. Aliás talvez fosse também favorável ao Presidente, se lhe fizessem lembrar que a pouco tempo atrás, um dos seus auxiliares, sugeriu aos angolanos na diáspora para que não expusessem os problemas de Angola no exterior, porque segundo o mesmo “roupa suja lava-se em casa”. Mas afinal, parece que tudo passava de um bluff, porque mesmo estando em casa não há coragem e decência de mostrar a realidade crua e nua do país.

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