NETA DE SINDICALISTA DE BENGUELA DESCARTA HIPÓTESE DE SUICÍDIO

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Na passada sexta-feira, 6 de Abril, Armindo Cambelele foi encontrado morto na sala da sua casa, no que se alegou de início ter sido um caso de suicídio.

A neta com quem vivia o secretário do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) na província angolana de Benguela, Armindo Cambelele, encontrado morto na sexta-feira, 6, em sua casa, diz ter recebido do avô um alerta a apontar para ameaças pela sua participação no processo da greve marcada para a próxima segunda-feira.

Tatiana da Silva, estudante de medicina no ensino médio, sublinha que o sindicalista, ‘’com medo e cansado destas coisas do SINPROF’’, ponderou abandonar a organização.

“Ele dizia que estava a ser incomodado”, sustenta a adolescente, sem qualquer referência aos autores das ameaças.

Ultrapassada esta fase de intimidação, acrescenta a neta, Cambelele voltaria a trabalhar na preparação da greve, com reuniões e contactos junto de colegas.

“Ele, muito entusiasmado, não faria isso (suicídio). Toda a sua vida foi dedicada à defesa dos professores, por isso não seria agora que se mataria”, conta Tatiana, antes de ter afirmado que “não sei como entraram aqui em casa ou se já vieram com ele”.

Da Silva faz questão de realçar que a porta, geralmente aberta mesmo com o seu avô em casa, estava fechada nesse dia.

Categórica, ela descarta a tese de suicídio de um “cidadão sem razões” para tal, daí que peça justiça, ao passo que a antiga esposa, Ana do Céu, realça que o malogrado dizia que se tinha metido num problema.

“E eu, para dar força, dizia-lhe que greve não é problema nenhum e que tudo daria certo’’, refere a senhora, vinte e quatro horas após uma filha ter falado em suicídio e avançado que não possuía dados relativos a intimidações.

Tanto a polícia como familiares explicam que o corpo foi encontrado estatelado num dos compartimentos de casa, bem ao lado de uma corda à volta do pescoço, mas não amarrada.

Na hora da confirmação do “suposto suicídio por enforcamento”, o porta-voz do Comando Provincial da Polícia, superintendente-chefe Pinto Caimbambo, refere que a investigação não admite, por ora, qualquer ligação do sucedido ao seu estatuto profissional e à greve na Educação.

“Até porque não temos qualquer indicação nesse sentido”, vinca o oficial, confirmando que um dos focos do inquérito seria o telemóvel, que se encontra, segundo a neta, cheio de mensagens sobre a greve, algumas enviadas por professores que tencionam cruzar os braços em protesto contra os “baixos salários e más condições laborais”.

Armindo Cambelele, 57 anos de idade, deixa quatro filhos.

Fonte: VoA

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