MATALA: FUNCIONÁRIOS “EVENTUAIS” DA SAÚDE MARCHAM PARA REIVINDICAR SALÁRIOS EM ATRASOS

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No passado dia 10 de Novembro o colectivo de funcionários “eventuais” do ministério da Saúde no município da Matala, província da Huíla, reuniram para elaborar um caderno reivindicativo que se será apresentado ao órgão de tutela.

Texto de Jesus Domingos

O caderno reivindicativo foi preenchido com, dentre outros pontos, duas questões, precisamente a falta de pagamento de salários há mais de cinco anos e a discriminação de que são vítimas por parte do ministério da Saúde.

Segundo Luís Lucas, enfermeiro no hospital municipal da Matala, disse que a repartição municipal da Saúde alega não ser possível fazer o pagamento dos salários em dívida porque “o problema é da administração”, e admite ainda que a repartição “não tem verbas para isso”. Questionado se o administrador tem conhecimento, Lucas disse à nossa reportagem que “o administrador tem conhecimento e já reuniu connosco, até prometeu nos pagar com ou sem a renovação do seu mandato em Março mas até hoje não nos pagou”.

Luís Lucas referiu ainda que “quando entramos aqui foi por um contrato que já foi violado”, lamentando que “alguns colegas inclusive já morreram”.

Outro enfermeiro na mesma situação é António Yambi. Acusa o administrador municipal Miguel Paiva Vicente e o ministério da Saúde de estar a marginalizar os funcionários.

“Trabalhamos durante muito tempo e não nos conseguem inserir no sistema. O concurso só tem 11 vagas e nós que demos a vida para salvar vidas? Que já não temos idade? No início fomos bem tratados no início mas agora estamos a ser maltratados desde o dia 23 de Abril e 2015 estamos a ser despedidos com muitos meses de atrasos salariais. Por isso queremos que o senhor administrador nos pague os meses que nos devem”, vincou.

Cada funcionário “eventual” recebia entre 20 a 45 mil Kwanzas, tal como ilustra os documentos abaixo, e são mais de 100 técnicos nessa condição.

Numa reunião com os “eventuais” da saúde, o director do hospital municipal da Matala, Ketha Rubuz Francisco, disse não ser possível inserir os trabalhadores precários no sistema de saúde, adiantando que “a partir do dia 1 de Dezembro todos os técnicos que trabalham no hospital municipal serão despedidos porque o centro não consegue lhes pagar”. O director disse ainda que estão a pagar gradualmente, mas os profissionais prontamente responderam ser mentira, pois nenhum eventual recebeu dinheiro dos meses em atraso.

“A repartição municipal da Saúde não se pronunciou ainda acerca do caderno reivindicativo porque, segundo informaram, a actual equipa já encontrou o problema”, disse Luís Lucas.

O enfermeiro Bernardo clama pela intervenção urgente do governo angolano. “Estamos a sofrer muito, as nossas mulheres é que nos sustentam e nos sentimos mal sabendo que trabalhamos mas não ganhamos por isso. Fazemos muito esforço e não nos pagam o nosso dinheiro. É uma vergonha e uma acção de má fé”.

Questionado se remeteram o documento à PGR, respondeu: “Sim, já remetemos mas sem sucesso, e ainda nos falaram que temos que constituir advogado mas não temos dinheiro. Fomos às rádios mas não estamos a ser ouvido”, disse Bernardo.

Volvidos alguns dias, o colectivo remeteu uma carta à administração municipal para uma marcha no dia 22 deste mês, pelas 8H, tendo como ponto de partida o largo defronte a loja K.R.B.

“Recebi uma ligação do administrador dizendo que não podemos marchar porque ele irá à Benguela numa reunião sobre desconcentração de alguns serviços para as administrações municipais. Depois a directora municipal da Saúde Florença Cambangula também marcou reuniões para quarta-feira com todos os eventuais. Parece que é para abafar a nossa marcha mas não vamos parar, vamos avançar porque queremos o nosso dinheiro”, disse Luís Lucas.

Também Bernardo Aurélio recebeu uma ligação a dizer que não podiam realizar a marcha mas, questiona: “Durante o tempo de negociações não nos diziam nada, agora é que pretendem negociar? Isso é uma vergonha, e não poderemos ficar calados como das vezes passadas. Estamos disposto a lutar pelo que é nosso”.

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