FUNCIONÁRIOS DOS CAMINHOS DE FERRO AGREDIDOS, DETIDOS E OBRIGADOS A TRABALHAR PELA POLÍCIA

Compartilhe

“Saudações! Sou funcionário da empresa do Caminho de Ferro de Luanda. Estamos a viver momentos de terror, estamos em greve legalmente e ontem, a Polícia Nacional e a Administração da empresa, invadiram o piquete dos grevistas, expulsaram todos e os oficiais da PN obrigaram a pôr os comboios a circular. Sem exagero, apareceram no local para impor e nos torturar psicologicamente, mais de 20 viaturas da patrulha, brigada Canina, mais de 30 oficiais, até o Comandante Adjunto de Luanda, cerca de 150 agentes da PN armados com escudos, máscaras e armas de fogo. Segundo o comandante adjunto, foram ordens do Chefe de Estado, mas nós não acreditamos nisso. Só podem ser ordens dos ministros do Interior e Transportes. Clamamos por ajuda de todos, a TPA tem sido imparcial nesse assunto, tem sabotado as informações.

Fomos agredidos, a polícia usou todos os meios, um dos colegas perdeu a mão (dedo polegar e indicador), todos membros do sindicato foram detidos acusados de vandalização. Ninguém vandalizou nada. Eles usam isso como argumento para acabarem com a greve sem entendimento.

A greve teve início em Janeiro, reivindicamos melhor condições de trabalho e aumento de salário na ordem dos 80%. Eles pediram que nós suspendêssemos a greve até 31 de Março porque atenderiam os nossos pedidos.
Quando suspendemos começou um verdadeiro terror na empresa. Fomos até processados dizendo que somos ilegais. O Tribunal deu-nos razão.

Passado o prazo dado, demos mais 15 dias ao conselho de administração mas se recusaram em negociar os 80%. Foi então que retomamos a greve mas garantimos os serviços mínimos.

Fomos surpreendidos pelo conselho ao enviar-nos um documento que dava conta da suspensão dos serviços mínimos por parte deles.

Uma semana depois queriam retomar os serviços sem um documento mas nós recusamos. Se a suspensão foi feita com documento também exigimos retoma com um documento. Ele achou-se ofendido e usou a força policial para acabar com a greve.

É só para identificar os sindicalistas detidos: José Carlos, Lourenço Contreiras, Dias Kinguela e Vicente.

Muito obrigado!”

Leave a Reply