ENERGIA PRÉ-PAGA: CONTINUAM AS DIFICULDADES NO CARREGAMENTO

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Dispositivo “Display” rejeita leitura das recargas

Os clientes da Ende, do sistema pré-pago, continuam com dificuldades para recarregar os seus contadores eléctricos. A situação já se arrasta há alguns dias e os cidadãos formam longas filas nos balcões da referida empresa e dos agentes autorizados, espalhado pela capital do país.

Apesar da reposição do pagamento do sistema pré-pago ter ficado inoperante, apenas três dias, 1 a 3 de Julho, por razões técnicas, agora são os displays, dispositivo que faz a leitura das recargas, que não reconhece os códigos dos talões de saldos comercializados nos balcões e adquiridos por via dos multicaixas.

No balcão central da Ende localizado na rua Cónego Manuel das Neves, várias pessoas reclamavam da lentidão no atendimento. Entre as centenas de clientes estava Rafael Dinis, que escolheu o chão para aguardar pela sua vez. Desesperado, disse a reportagem do Luanda, Jornal Metropolitano, que estava há mais de 48 horas sem energia eléctrica devido a inoperância dos dispositivos de funcionamento do sistema de pagamento pré-pago.

Morador do Tala Hady, no Cazenga, Rafael Dinis contou que aquela era à primeira vez que viveu tal situação. “Isso é triste, em pleno século XXI continuarmos a viver situações como estas”, disse o homem, que teve de esperar mais de duas horas para ser atendido. “Já passei em outros postos de atendimento, antes de chegar até aqui”, desabafou.

Na mesma condição estava Gomes Oleca, que vive nas imediações do tanque do Cazenga. Eram visíveis os sinais
de fatiga no seu rosto. O jovem, de estatura média, levava consigo o talão de recarga e o contador pré-pago da sua casa. Na última sexta-feira, apesar das longas horas de espera, Gomes Oleca desejava ver apenas resolvido o problema da falta de energia.

“Já estou nessa condição desde quinta-feira. Não consigo ver os jogos do mundial de futebol em casa. Estou cansado de ir à casa dos outros”, lamentou. Na agência da Ende, localizada no quarteirão L do Kilamba, a situação estava incontrolável. “Isso não é nada. Ontem esteve pior, tivemos que chamar a Polícia”, disse um dos seguranças em serviço.

Eduarda Gomes, moradora do KK5000, estava revoltada. Adquiriu à recarga às 9h00 de sexta-feira e até as
17h00 do mesmo dia não conseguia inserir o saldo no contador pré-pago. “O meu filho comprou à recarga no período da manhã e, até agora nada. Já começa a escurecer e corremos o risco de voltar a ficar sem luz”, contou visivelmente agastada.

No mesmo balcão, um homem ameaçava levar um dos computadores caso não lhe fizessem o reembolso dos 14 mil kwanzas, que gastou na compra de uma recarga de energia. Bastante agitado, o homem, que não quis se identificar, mostrou-se agastado com a falta de energia em casa, apesar do saldo que tinha em mãos. “Isso é uma brincadeira. Ninguém merece passar por uma situação como esta”, gritou.

Bela de Carvalho, moradora do Quarteirão P do Kilamba, era, até na manhã de quinta-feira, 5, uma mulher inconsolável. Estava sem energia desde segunda-feira, tendo-se deslocado no mesmo dia à agência sede da Ende, na rua Cónego Manuel das Neves, onde adquiriu a recarga no valor de 10 mil kwanzas.

“Posta em casa, o saldo não entrava. Fui até à agência do Kilamba e os funcionários me aconselharam a voltar à agência sede. Lá, fui orientada a comprar uma nova recarga”, contou, para acrescentar que a situação só ficou resolvida depois que o técnico da Ende, que se deslocou à sua residência, conseguiu inserir o saldo no contador.

A SITUAÇÃO É TEMPORÁRIA

O porta-voz da Ende, Pedro Bila, considerou à falha no sistema de leitura de recargas de energia como sendo temporária e que afecta apenas uma franja de clientes. Em resposta às reclamações dos utentes nas agências, o responsável garantiu que tão logo termine o processo de actualização dos clientes da ENDE e da ex-ENE, que passam agora a estar uniformizados num único sistema, estas e outras situações ficarão ultrapassadas.

“É um processo paulatino. Neste momento, estamos no fim dos trabalhos de actualização e só faltam mesmo
os moradores do Mártires de Kifangondo e do Cassequel”, disse.

Pedro Bila assegurou que, devido as reclamações e outras situações, a agência sede está a funcionar 24 horas por dia enquanto as outras dependências trabalham até as 22. Afirmou que mais de quatrocentas famílias do bairro Dala Mulemba, em Cacuaco, beneficiam de energia eléctrica do sistema pré-pago, cujo Posto de Transformação de Energia (PTE) tem uma capacidade de 1000 KVA.

Fonte: Jornal Luanda

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