CAZENGA: VALA TRANSFORMADA EM LIXEIRA COLOCA MORADORES EM PERIGO

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Desde 2016 que a construção inacabada de uma vala de escoamento de águas residuais e torrenciais no bairro Kalawenda, município do Cazenga, tem sido usada por delinquentes como posto de assalto aos moradores da zona. 

Texto de António Raimundo

A Rádio Angola entrevistou alguns habitantes do Kalawenda que começaram por frisar que o “local serve de esconderijo dos bandidos”.Transformada em lixeira, como se vê nas fotografias, a vala concentra marginais de grupos distintos, posicionados em extremos diferentes dada a vasta dimensão da obra inacabada.

Sabe-se que as obras estavam a ser realizadas por ordem da administração municipal do Cazenga, cujo administrador é Nataniel «Tany» Narciso, “o eterno administrador”, lamentou um residente.

É praticamente “oficial” que ninguém pode passar ali tão logo escureça, pois nem iluminação há zona. Os moradores vivem sob domínio dos marginais a partir das 19H até ao amanhecer, período em que os assaltantes actuam.

Em época chuvosa, a actual, a mistura entre o lixo e a água faz sobressair outro perigo: as doenças. Jurelma Manuel da Fonseca, residente no bairro Kalawenda há 18 anos, explica que “a vala tem sido uma ameaça para a saúde porque o lixo tem sido despejado ali”. 

A água da chuva fica estagnada, e o lixo flutua sobre a imensidão nauseabunda. Assim, a indispensável circulação pela vala, principalmente para os estudantes irem às escolas e encarregados de educação irem ao trabalho, fica drasticamente reduzida pelo pântano de lixo em que se transforma a via.

Jurema da Fonseca lembra com pesar a morte de uma jovem que caiu na mesma vala quando tentava fazer a travessia no momento em que chovia. A senhora Luísa Dias, cuja a casa está adjacente à vala, também diz que, para além da criminalidade que os assola, as águas que transbordam da vala aquando da estação da chuva inunda as suas residências, e com a água traz o lixo. 

Obrigados a deixarem as suas residências e as mesmas são transformadas em esconderijos de marginais

O morador Manuel Marimba acrescenta à vala as faltas de iluminação pública e esquadra fixa ou móvel como as causas do aumento da criminalidade no bairro. Lamenta, igualmente, pelo facto de o governo provincial apenas ter demolido algumas residências adjacentes à vala, cujos proprietários foram transladados para o Zango, e deixados muitas por demolir e realojar “as famílias que agora sofrem pela construção inacabada da vala que origina e bandidagem”, e, por isso, sentem-se “obrigados a deixarem as suas residências e as mesmas são transformadas em esconderijos de marginais”. 

Portanto, os moradores são unânimes em afirmar que, desde que a vala foi aberta com o propósito de construírem uma melhor, a administração nunca garantiu se haverá conclusão ou não da mesma. Pelo que solicitam “encarecidamente à administração no sentido de resolver os nossos problemas, sobretudo o da vala”.

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