Bastonária dos médicos angolanos destituída do cargo por “má gestão”

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A bastonária da Ordem dos Médicos de Angola (ORMED), Elisa Pedro Gaspar, foi destituída do cargo pelos profissionais da classe que estavam revoltados com a sua gestão naquela instituição.

A decisão foi tomada na assembleia-geral extraordinária realizada neste sábado (17.10), em Luanda, convocada pelo Conselho Regional Norte da Ordem de Médicos de Angola.

Segundo à DW, os associados manifestaram o seu desagrado com o desempenho da bastonária, que se agudizou com as “recentes ocorrências graves”, como o “não alinhamento aos interesses da classe”, a “falta de transparência na gestão dos recursos da Ordem” e as “denúncias de má gestão financeira”.

Elisa Gaspar é acusada de desviar 19 milhões de kwanzas (cerca de 27 mil euros), e bens patrimoniais.

Depois de aceso debate, a assembleia geral extraordinária da Ordem dos Médicos deliberou a destituição com efeito imediato da bastonária Elisa Pedro Gaspar, a constituição de um comissão de gestão que terá a responsabilidade de tratar dos assuntos correntes organização e também promover novas eleições (que deverão ser realizadas dentro de 90 dias)

A comissão de gestão recém-criada, será constituída por cinco profissionais.

Comissão de inquérito

No comunicado final apresentado pela médica Arlete Luiele, a classe médica anunciou a constituição de uma comissão de inquérito que terá a responsabilidade de analisar a alegada gestão danosa de Elisa Gaspar.

“Realização de uma auditoria independente, por órgão externo, às contas da Ordem dos Médicos da República de Angola”, anunciou Arlete Luiele.

Para o secretário-geral do Sindicato dos Médicos de Angola (SINMEA), Pedro da Rosa, isso demonstra a união dos profissionais de saúde.

“Foi um exercício de verdadeira cidadania. Hoje, a classe médica mostrou que realmente está unida e sabe o que quer. A bastonária não se revia na nossa causa. Ela não estava conosco desde a sua eleição. E, por isso, a classe julgou substitui-la por alguém que realmente mostre que deve atender as preocupações da classe médica”, disse Pedro da Rosa.

Caso Sílvio Dala

Angola Luanda | Konferenz zu Covid-19 & Thema Elisa Pedro Gaspar | Katiana Antas, Ärztin (Borralho Ndomba/DW)
A médica do Hospital Américo Boa Vida, Katiana Antas.

O fato de Elisa Gaspar se demarcar da marcha convocada pelo Sindicato Nacional dos Médicos (SINMEA) em homenagem a Sílvio Dala, pediatra que morreu em Setembro na sequência de uma intervenção policial, motivou vários profissionais a votar a favor da sua destituição.

É o que pensa a médica do Hospital Américo Boa Vida, Katiana Antas.

“É isso que esperava, porque não se solidarizou a perda da classe médica, com a morte do nosso colega Dr. Sílvio Dala. E também consoante provas que surgiram também sobre a má gestão dela enquanto bastonária”, sublinhou Antas.

O neurologista Job Monteiro espera que nova direcção da Ordem dos Médicos de Angola afirme que a destituição de Elisa Gaspar é uma “chamada de atenção” para os próximos gestores da instituição de que devem representar os interesses da classe.

“O novo gestor da Ordem deve ser representativo e estar ao lado da classe. Precisa gerir e organizar de forma mais transparente para que a classe de fato, consiga justificar aquilo a sociedade precisa de nós”.

A primeira assembleia-geral extraordinária da Ordem dos Médicos de Angola contou com a presença de mais de 50 médicos na sala de conferência de uma unidade hoteleira de Luanda, 4.026 médicos subscreveram a deliberação e pela plataforma zoom participaram 408 técnicos da classe.

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