A Arte de governar para desgovernar por via da intenção política, incompetência e corrupção – Shilda Cardoso
No calor da celebração do quadragésimo sétimo ano desde aindependência de Angola em 11 de Novembro de 1975, mais uma vez, nós os angolanos por fora a dentro do país, não nos resta nada mais do que, fazer uma reflexão profunda do estado da coisa em Angola.
A degradante realidade política, econômica e social, está à vista de todos, menostalvezdaqueles que se impõe a governar este povo.
São indiscutíveis os diagnósticos feitos durante estas quatro décadas de independência e as respectivas soluções continuamente apresentadas por diversos actores da sociedade. Contudo, com o uso da política da continuidade pelo partido MPLA, no poder a quarenta e sete anos, muitas respostas aplicáveis para de facto resolvermos os problemas em Angola são renegadas e desencorajadas.
O título sobre o texto cogita justamente o modelo de governação do regime no poder desde 1975. Desde esta data, o MPLA aplica intencionalmente em Angola políticas que retardam o desenvolvimento socioeconómico da população, empodera e promove aascensão dos incompetentes e cria ambientes favoráveis a actos de corrupção a todos os níveis da sociedade.
A má intenção política, a incompetência e a corrupção são ferramentas de desgovernação deliberadamente aplicadas pela elite deste partido. O presidente reeleito nas eleições de 24 de Agosto de 2022 por uma CNE partidarizada, e investido por um Tribunal Constitucional partidarizado, João Lourenço, vem diagnosticando e vendendo ao povo Angolano um terço do real problema em Angola. A corrupção por si ó, não justifica a fraca trajectória governamental do MPLA por meio século.
A verdade da questão é que desde 1975, o partido MPLA apresentou uma intenção política em Angola muito alheia aos interesses de todos. Ao decorrer dos anos, esta intenção foi-se concentrando cada vez mais nos interesses dos membros da direcção desta organização.
Hoje, infelizmente para o povo Angolano, está claro que a intenção política do MPLA é desgovernar o país com o objectivo de retardar o empoderamento dos seus cidadãos. Isto interessa-lhes a medida de que um povo pobre, doente, ignorante e vulnerável, é um povo de fácil domínio e controle. Conseguinte, os altos dirigentes do MPLA pela má intenção política optam por nomear gestores públicos sem competências a determinados cargos e funções.
Quando um servidor público está desconectado da missão do qual o cargo exige, o mesmo é suscetível a práticas do seu próprio interesse e não ao do público alvo. Ou seja, os mais altos dirigentes do MPLA, intencionalmente nomeiam indivíduos sem competência a sectores chaves de desenvolvimento, com conhecimento que estes dificilmente alcançariam resultados transformadores. Estes, por sua vez, sem interesse nas funções atribuídas inclinam-se para actos de corrupção.
E já que estamos a celebrar a data da independência, para um melhor entendimento sobre a governança fraca do MPLA através da interconexão da intenção política, incompetência e corrupção, olhemos para aquilo que foi o período pré-independência.
O império colonial Português, como o MPLA, tinha igualmente uma intenção política desfavorável aos nativos de Angola.
Porém, ao contrário do MPLA, o regime colonial Português pelo menos foi competente na sua governação pelo território. Aliás, mesmo com a má política de racismo e segregação contra os negros Angolanos, lamentavelmente hoje muitos que viveram naquele período clamam que a competência daquele regime beneficiou-lhes mais do que o regime pós-independência. Estes são relatos difíceis de ouvir, mas muito com um entre os mais idosos em Angola.
Por fim, nestas celebrações do dia 11 de Novembro, apelamos a todos Angolanos uma análise mais profunda sobre o que realmente leva um partido no poder e a governar por meio século, mas com poucos bons resultados a apresentar.