“Ninguém foi detido”, afirma PN sobre activistas que denunciam brutalidade contra manifestantes em Luanda

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Um grupo de activistas, que no sábado, 31 de Agosto, tentou realizar uma manifestação pacífica no Largo da Independência denunciou ter sido violentado física e verbalmente, por supostos efectivos da Polícia Nacional (PN), que alegando “ordens superiores”, travaram o protesto que visava contestar a Lei de Vandalismo de Bens Públicos, aprovada recentemente pelos deputados do Grupo Parlamentar do MPLA, com voto contra da oposição.

Fonte: O Decreto

“Fomos violentamente torturados, alguns foram agredidos fisicamente e verbalmente”, denunciou o activista Adilson Manuel, que assume igualmente as funções de secretário da Juventude do Bloco Democrático.

O membro do movimento que convocou a manifestação de 31 de Agosto contra a Lei 13/24, que criminaliza o vandalismo de bens públicos, lamentou também o grupo ter sido levado para várias Esquadras da Polícia Nacional.

Diante dos actos que para ele configuram “abusos” de autoridade, Adilson Manuel fez saber que os activistas vão dar entrada de processo judicial contra os agentes da corporação, a quem acusa de “bloquear o espírito democrático das manifestações”.

“Os activistas reprimidos no último sábado vão abrir um processo-crime contra os oficiais responsáveis pelas detenções em Luanda”, reafirmou.

O porta-voz interino do Comando Provincial da Polícia em Luanda, Euler Matari, sem entrar em detalhes, afirmou ao O Decreto que não se tratou de detenção, mas a condução para uma Esquadra policial, onde foram identificados e posteriormente deixados.

Por outro lado, o analista Agostinho Sikato condenou o facto de, nos últimos tempos, as manifestações só serem permitidas quando organizadas pelo MPLA. “Ninguém foi detido, foram levados para a unidade, identificados e postos em liberdade”, disse.

O Decreto sabe que, os militantes do MPLA, realizam neste sábado, 7 de Setembro, em Luanda e nas demais províncias do país, várias marchas de apoio ao presidente João Lourenço, que provavelmente não enfrentarão qualquer impedimento policial.

Na tentativa de manifestação de sábado, 31 de Agosto, os jornalistas que pretendiam fazer a cobertura do protesto não foram poupados pelas forças da ordem, detendo um colaborador da Rádio Despertar libertado horas depois, e a jornalista da Lusa foi obrigada a eliminar as imagens pelos agentes da polícia, facto que não aconteceu devido a intervenção de oficial presente no local.

Entretanto, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) condenou “os actos abusivos da polícia contra os jornalistas”.

Segundo Teixeira Cândido, que lamenta a acção, “estes actos dos agentes da Polícia Nacional, que são recorrentes, não resultam em qualquer responsabilização, o que pode incentivar a violação das liberdades e garantias fundamentais, especialmente dos jornalistas”.

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) apela aos jornalistas para que façam queixas-crime destes actos, exigindo o respeito pela liberdade de imprensa consagrada na Constituição da República de Angola (CRA).

Segundo os organizadores, a repressão policial resultou na detenção de 12 pessoas, que posteriormente foram postas em liberdade.

Radio Angola

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