Angola: Pequenos ensaios para menos crispação política
Florindo Chivucute, responsável da organização governamental Friends of Angola (FoA), considera que a aproximação que se assiste entre dirigentes das estruturas intermédias do MPLA e da oposição “não é suficiente” para acabar com a crispação política que se seguiu à publicação dos resultados das últimas eleições no país, mas “é um bom princípio”.
“Esta aproximação é sinal de que o Executivo angolano deu conta que não pode governar sozinho e que é preciso colaborar com outros partidos. Deve-se aconselhar o Executivo para que possa continuar na consolidação com outros partidos, mas também com a sociedade civil”, defende Chivucute.
Ouvido pela VOA, Makuta Nkondo, ex-deputado independente pela CASA-CE, disse, entretanto, que aceitou o convite para assessorar o governador do Zaire, “nas questões sociais e culturais”, com a condição de “não ter cargo executivo nem no gabinete no Governo provincial”.
“Eu quero que haja distância entre Makuta Nkondo e o MPLA. Sou da oposição e continuo na oposição e não posso vacilar”, assegura.
O jurista Serra Bango, líder da Associação, Justiça, Paz e Democracia (AJPD). admite, por seu turno, MPLA queira Makuta Nkondo junto de si “para mobilizar os cidadãos para as suas hostes e reconciliar-se com a população da província do Zaire”.
Bango manifesta, no entanto, reservas quanto ao tempo que vai durar o “casamento” entre Adriano Mendes de Carvalho e Makuta Nkondo, tendo em conta o carácter de cada um, bem como o percurso do ex-deputado, que nos últimos anos representou dois partidos na Assembleia Nacional.
“Vamos ver até que ponto o génio deste cidadão vai-se compatibilizar com a acção governativa e com o génio do senhor Adriano Mendes de Carvalho”, disse Bango.
Recorde-se que alguns governadores têm-se encontrado com representantes da UNITA, como aconteceu recentmente em Luanda, entre o governador, Manuel Homem, e o secretário provincial da Unita, Nelito Ekuikui.