VIANA: ESCOLA 5035 SEM CONDIÇÕES PARA RECEBER ESTUDANTES
A imagem da escola não está muito distante de um estabelecimento prisional. Sem vedação (quintal), fica difícil garantir a segurança das crianças que, volta e meia, aparecem acorrer ou a jogar a bola.
Com uma estrutura arquitectónica estranha, torna-se difícil perceber, logo à primeira vista, que se trata de uma escola. A imagem não está muito distante de um estabelecimento prisional. Janelas e portas gradeadas permanecem encerradas neste período de férias.
Os vidros da escola nº 5035 do Distrito Urbano do Kikuxi, em Viana, estão todos partidos. Quem olha para aquela estrutura não acredita no que vê. As paredes erguidas com material pré-fabricado apresentam coberturas de metal na parte exterior. O revestimento de contraplacado de madeira, no interior, está destruído. Sem vedação (quintal), fica difícil garantir a segurança das crianças que, volta e meia, aparecem acorrer ou a jogar a bola. Parte da escola é ocupada pelos serviços da administração local do Estado.
Construída nos anos 80, a escola funcionava com seis salas que não ofereciam as mínimas condições para acolher
alunos. Do número de salas antigas, quatro foram derrubadas para dar lugar a duas novas, erguidas com o apoio material e financeiro dos pais e encarregados de educação. “A comissão de pais reuniu-se. Os encarregados de educação juntaram materiais e contrataram uma empreiteira que construiu mais duas salas. Agora temos problemas graves com as casas de banho”, disse o director Egídio de Abreu.
A reportagem do Jornal de Angola constatou no local que uma das antigas salas foi transformada num armazém de produtos diversos. É aí onde os fiscais da Administração Municipal depositam os bens de consumo e material de construção recolhidos na via pública e nas obras em construção em áreas proibidas.
Por conta disso, a escola passou a funcionar agora com três salas, uma antiga e duas novas. Neste ano lectivo, o estabelecimento de ensino prevê acolher 242 alunos, deste número 38 já estão inscritos no Ensino de Adultos. No ano passado a escola acolheu 180 estudantes matriculados no ensino primário e 25 no Ensino de Adultos. “Não temos problemas de falta de professores”, disse o director da escola, para acrescentar que as aulas são asseguradas por oito docentes. “Temos uma turma por classe”.
A administradora do Kikuxi, Rosa Dias dos Santos, confirmou que, por falta de infraestruturas próprias, a Administração Local do Estado ocupa alguns gabinetes da escola nº 5035
Da iniciação até à 6ª classe contam com sete professores. Mas também temos uma turma de alfabetização que funciona com um docente”, explicou.
A administradora do Distrito Urbano do Kikuxi, Rosa Dias dos Santos, confirmou que, por falta de infra-estruturas próprias, a Administração Local do Estado ocupa, provisoriamente, alguns gabinetes da escola nº 5035.
“A administração distrital é nova, refiro-me no caso do Kikuxi. Esse serviço funciona há seis meses e ainda não temos instalações próprias para acomodar melhor os nossos funcionários”, disse.
Sobre a escola, a responsável avançou que a administração do Distrito Urbano de Kikuxi já remeteu todas as preocupações da Educação ao gabinete do administrador municipal de Viana, para que os problemas do sector sejam resolvidos até ao próximo ano.
Gestão da escola 5036
A direcção da escola primária nº 5036 está suspensa. Um grupo de indivíduos contesta a gestão da madre Católica, Maria das Dores, de nacionalidade brasileira, por cobrar, a cada um dos alunos matriculados, uma propina anual de 12 mil kwanzas, ou seja, mil kwanzas mês.
A escola é comparticipada. O Estado disponibilizou carteiras e se responsabiliza pelo pagamento dos salários dos professores. A mesma foi construída pela Odebrecht, empresa brasileira de construção civil e obras públicas, para apoiar a comunidade do Mussende, no distrito do Kikuxi.
“Estamos a trabalhar com alguma prudência, porque não encontramos nenhum documento legal sobre a entrega da escola às Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo”, disse a administradora do Distrito Urbano do Kikuxi.
Rosa Dias dos Santos contou que os pais e encarregados de educação reclamam da cobrança de 12 mil kwanzas, no referido estabelecimento de ensino, inaugurado em Outubro de 2009.
O director municipal da Educação de Viana, Jacob Cahisso, confirmou a suspensão da direcção da escola nº 5036, mas lamentou o facto de não haver qualquer documento que confirme a entrega do estabelecimento escolar às Irmãs Franciscanas pelas autoridades locais.
Fruto disso, continuou o responsável, alguns indivíduos aproveitaram-se da situação para reclamar, através de uma carta com 161 assinaturas, a gestão da escola e o valor das propinas que são cobradas. Jacob Cahisso avançou que o administrador municipal já reuniu com a população local. Explicou que, depois do encontro, foi possível concluir que a maior parte dos populares defendem a continuidade da madre na gestão da escola.
“Para assegurar a matrícula, foi criada uma comissão que tratou de todo expediente. As Irmãs Franciscanas desempenharam um trabalho digno de realce. Nós reconhecemos que ali o ensino é de qualidade. Mas se tivermos que lhes devolver a gestão da escolas e remos obrigados a oficializar a entrega, para que a mesma seja gerida durante um determinado tempo”, esclareceu.
Reacção da madre
“Nós somos genuinamente educadoras. A nossa missão principal é educar”, disse a directora da escola, irmã Maria das Dores, antes de lembrar que, em 2007, a Odebrecht dava muitos apoios para a pastoral da criança do bairro e patrocinava vários projectos destinados às crianças.
Segundo a madre, onde foi erguida a escola não havia quase nada, apenas existiam duas salas de aula construídas de adobe e uma outra de barro. Não tinham carteiras e muito menos portas e janelas. Contou que, na altura, a Odebrecht fez um acordo com a Administração Municipal de Viana para a reconstrução da mesma.
“Uma das condições impostas pela construtora era que a gestão do estabelecimento escolar fosse entregue às Irmãs Franciscanas”, declarou, para acrescentar que a mesma foi inaugurada pelo antigo administrador municipal de Viana, José Moreno Mendes Fernandes, no dia 16 de Outubro de 2009.
“A entrega oficial só aconteceu em 2010, no dia 3 de Outubro. É verdade que naquela altura já houve uma certa insatisfação de alguns membros da comunidade. Mas a escola não podia ser entregue a qualquer pessoa da colectividade”, recordou a madre católica.
Maria das Dores explicou que os 12 mil kwanzas, que a instituição cobra aos alunos, servem para pagar os guardas e auxiliares de limpeza, além de garantir a manutenção do jardim, reparação das portas e janelas; substituição de vários acessórios eléctricos. O valor também é empregue na assistência do sistema de canalização de água, compra de combustíveis e manutenção do gerador. “Quem pode pagar o valor de uma só vez, assim o faz. Mas quem não pode, paga por partes. Aqui também temos crianças que estudam sem pagar nada. Temos uma lista de alunos, cujas mães não têm condições nenhumas para pagar as propinas dos seus filhos”, esclareceu a directora suspensa.
Segundo a irmã Maria das Dores, onde foi construída a escola não havia quase nada, apenas existiram duas salas de aula erguidas de adobe e uma outra de barro
Quanto aos alunos da iniciação, Maria das Dores fez saber que, além dos 12 mil kwanzas de propinas/ano, a escola cobra mais três mil para o material didáctico.
“Temos um sistema diferenciado. Os alunos encontram tudo aqui. As crianças esquecem muito. Deixam sempre perder alguma coisa e os pais nem sempre têm dinheiro para comprar novos materiais”, frisou.
Em termos de materiais escolares, durante o ano, os alunos utilizam resmas de papel A4, lápis, cadernos de desenho, cartolina, borrachas, aguarelas, cartão, tesouras sem ponta e outros. A escola primária nº 5036 do Kikuxi tem oito salas de aula, casas de banho para rapazes e raparigas, uma biblioteca, quadra de jogos, secretaria-geral e gabinete da directora. No ano passado, o antigo complexo educacional do Mussende matri […] foram asseguradas por 21 professores. Do número de salas, uma atende os alunos da alfabetização. Até ao ano passado, foram alfabetizados mais de mil adultos da comunidade do Mussende.
Fonte: Jornal de Angola