VENDEDORES DO CHAPANGUELE NO LOBITO DENUNCIAM MAUS TRATOS DE AGENTES DA POLÍCIA E FISCAIS

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Os vendedores do mercado do Chapanguele, considerado o maior a céu aberto no sector informal no município do Lobito, província de Benguela, denunciam que sofre maus tratos por parte de agentes da Polícia Nacional e fiscais da administração, que segundo relatam, usam a força desnecessária contra vendedores.

Eduardo Ngumbe | Benguela

Para constatar a realidade dos factos, um grupo de activistas do Lobito, deslocou-se ao referido mercado em três ocasiões neste mês de Agosto, tendo presenciado e registado situações preocupantes que atestam as denuncias das senhoras que procuram o pão para o sustento das suas famílias.

A situação dos vendedores do Chapanguele, sobretudo para os que optam em vender no período compreendido entre 17 horas até as altas horas noite tendo em conta o público alvo, continua há mais de quatro meses, a sofrerem sevícias.

As autoridades administrativas justificam a medida socorrendo-se a questão de segurança pública facto contrariado pelos activistas que dizem ser esta um falso problema porquanto, a segurança dos munícipes fica mais em evidência quando há circulação de pessoas no local porque a presença dos vendedores afugenta meliantes que fazem do local “castelo criminal” quando se ausenta a movimentação de pessoas no local, que é o ponto cardeal que liga as partes baixa e alta do município ferro-portuário.

Os activistas conversaram com os vendedores, motoqueiros (kupapatas) e alguns agentes da corporação, que segundo a polícia, a ordem vem do Governo Provincial e está a ser encabeçada pelo Comandante Provincial Aristófanes dos Santos que delegou a responsabilidade ao responsável da Polícia do Lobito, Carlos Diamantino.

Adália, vendedora de peixe fresco no Chapanguele, lamentou a situação porque passa e descreveu que os efectivos da Polícia Nacional não permite aos feirantes trabalharem à vontade, e como se não bastasse, disse sofrem maus tratos e perda constante do negócio com actos de apreensões.

“Temos ido a compra do negócio aos pescadores na praia às 15h00/16 horas e chegámos ao mercado por volta das 17h00, mas com essa operação, não conseguimos vender nada”, referiu a senhora, apontando para a banheira de peixe: “Como vê, este peixe fui buscar essa tarde, e não foi possível vendê-lo na totalidade porque os polícias e os kwata-kwatas”, um grupo de pessoas que as vendedoras classificam de “bandidos” que supostamente ajudam os agentes da Polícia Nacional nesta operação.

Domingos José, outro cidadão que encontra no mercado do Chapanguele o único espaço para manter o sustento da família, contou à Rádio Angola a forma como os vendedores têm sido tratados pelos fiscais e policiais: “Pontapeiam os nossos negócios como se de lixo se tratasse, vezes há que nos levam o negócio com o beneplácito da tal Polícia, quando assim procedem, nós vamos queixar, depois das queixas e lutas, eles devolvem o negócios, mas de forma incompleta; e o mais agravante ainda é quando ficamos sem nada, isso tem sido recorrente”, relatou o cidadão visivelmente inconformado.

Os “kwata-kwata”, por trabalharem com os agentes da ordem, disse dona Tchoia, “também já se sentem chefes, chegam mesmo sem motivo algum, mesmo estando ainda na hora que eles disseram para vendermos, chegam, tiram os nossos negócios, quebram os candeeiros de garrafa que usamos para iluminar sítio já que não há aqui energia eléctrica e despejam petróleo nos nossos negócios como a fuba e arroz”, lamentou.

Bem ao lado da “tia Tchoia” como é carinhosamente tratada pelas colegas, a nossa reportagem encontrou uma anciã vendedeira de produtos hortícolas que aparenta ter 70 anos, que em língua nacional Umbundu falou dos excessos que têm sido praticados pela Polícia Nacional, uma acção segundo apurou a Rádio Angola não tem poupado os vulgo “Kupapatas”.

A RA sabe que, a 26 de Julho último, os activistas Mbota, António Pongoti, Albino Elavoko, Silvano Capanguele e Livulo Prata, membros do auto-proclamado “Movimento Revolucionário” em Benguela, endereçaram uma carta a Administração Municipal do Lobito, desaconselhando a tais práticas na medida em que, segundo os  subscritores da missiva, violam claramente os direitos humanos.

Na carta a que tivemos acesso, os activista teriam alertado as autoridades do Lobito de que, caso não se levasse em consideração, os “revus” poderão promover onda de manifestações com vista a repudiar os maus tratos policiais contra vendedores do mercado do Chapanguele.

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