UM PAÍS QUE NÃO CRIA RIQUEZA CRIA LADRÕES: ANGOLA É O EXEMPLO DISSO

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“Se você acha que educação é cara, experimenta a ignorância!” citação atribuída a Derek Bok. Esta máxima  não podia deixar de ser a melhor para analisarmos  a fatia do bolo em relação ao OGE reservada à educação/ensino.

Urbano Gaspar

Os académicos criticaram, a sociedade civil saiu à rua, a oposição, como um bom crocodilo, chorou como sempre fez; no final das contas o aumento quantitativo da verba para educação não cresceu, sim, não cresceu. Sabem porquê? Por causa da ignorância estrutural do nossos académicos (não confundir intelectuais com académicos). É isso mesmo. É o excessivo grau de ignorância contrariamente ao elevado grau de desenvolvimento da ciência económica no geral e, em particular, em inteligência económica. Crescimento é o aspecto quantitativo do desenvolvimento, e para que tal aconteça (crescimento e desenvolvimento) é necessário que o país tenha capacidade de criar bens e serviços para satisfazer demandas; à isso denominamos de criação de riqueza. Sim, riqueza, a capacidade que um povo tem de criar bens e serviços que possam satisfazer demandas no mercado.

A educação é um bem como qualquer outro bem. Se assim não fosse, não seria valorado. A valoração deste bem (educação) só será quantitativa e qualitativa caso for adicionado o trabalho; “só o trabalho cria valor”, dizia Karl Marx, o filósofo dos comunistas. Um país que não cria riqueza cria ladrões (cansamos de avisar). Angola é o exemplo disso. Não existe governo ladrão e povo honesto, o governo é sempre a expressão material do povo.

Os políticos angolanos não são ladrões, são santos. É isso mesmo. São santos! Leia o artigo até ao fim e irá compreender o porquê. Em qualquer parte do mundo quem determina o curso do país são os intelectuais. Mais do que ter académicos, o país precisa de pensadores.

A economia é a ciência que nos ajuda a gerir os recursos escassos. Terra (petróleo), capital, trabalho, são todos factores de produção, não são riquezas. A definição de “Riqueza” é a supracitada.

Como é possível haver pessoas universitárias querendo exigir do Executivo aumento na educação como se algum governo no mundo alguma vez houvesse criado riqueza?

O problema da falta de dinheiro para o sector de ensino é consequência da desestruturação do mercado interno que é incapaz de racionalizar todos os factores de produção que concorrem para a criação de riqueza. A não existência de um mercado interno capaz de criar bens e serviços de qualidade, e a preços atractivos, é factor primordial de desequilíbrio da nossa balança comercial.

Um país em que 70% da sua economia depende das importações não é um país  pobre. É miserável! Desde os clássicos “Adam Smith & David Ricardo”, a riqueza está na indústria e não no comércio. Com o desenvolvimento tecnológico, a indústria passou a ser o maior sector de absorção da mão de obra como garantia de aumento de produtividade e obtenção de lucros extraordinários.

Como é possível haver maior fatia para a educação com este excessivo número de desemprego? Para agravar o problema da inflação, lemos na mídia um “chico esperto” a dizer que a criação do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) é bom, tal e qual uma vara mágica na resolução dos problemas do trabalhador que ganha uma miséria. Imposto significa aumento de preços, e aumento de preço é sinónimo de inflação. Isto não melhora nada, ao contrário, piora.

A culpa não é do Executivo, nem dos políticos, muito menos do cidadão ordinário. A culpa é dos académicos e intelectuais que não conseguem ser pensadores. Como resolver o problema do baixo orçamento para o ensino? A solução passa por um processo de reintegração das famílias ao mercado de emprego, medida que tem como objectivo principal aumentar arrecadação em termos quantitativos.

1.1. Para a criação de emprego é necessário a criação de médias e pequenas indústrias nacionais (criadas por angolanos), com relevância à indústria agroalimentar, factor determinante para o aumento qualitativo dos salários. Porque salários míseros é sinonimo de fraco consumo e consequentemente fraca arrecadação por parte do Estado.

3. Os dois primeiros pontos só serão atingidos caso for revitalizado o primeiro sector (agricultura).

3.1. No mundo moderno agricultura é ciência. A incapacidade dos nossos agricultores em compreender o que é mercado, “consequência da ignorância”, tem sido elemento determinante na delapidação de factores de produção.

Educação pública e grátis. Quem paga e como se paga num país que não cria riqueza? Educação é cara? Então experimenta a ignorância.

Obs: À semelhança de Lee Kuan Yew na Singapura,  Deng Xiaoping na China, Seretse Khama no Botswana, Paul Kagame no Rwanda, o governo angolano deve lançar um apelo à diáspora a persuadi-la a voltar ao país.

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