Sinprof na Huíla diz que Reforma Educativa é um “retrocesso” ao sistema de ensino em Angola

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João Francisco, secretário provincial do Sindicato de Professores (Sinprof) na Huíla, sustenta que a implementação do sistema da “Reforma Educativa” em Angola “tem afectado negativamente a qualidade do ensino”, o que para ele, configura um “retrocesso” no processo docente educativo.

Gonçalves Vieira e Mensageiro Andrade 
Em exclusivo à Rádio Angola, o sindicalista que analisou ao pormenor o actual quadro em que se encontra o ramo da educação a nível da província da Huíla disse que o cenário continua a “inspirar” cuidados, num contexto em que o país mantém-se “abraços” com a crise economica e financeira.

“A educação na província da Huília não está assim tão mal e também não está boa como nós queríamos, tem algumas questões que são conjunturais tendo em conta a própria situação socioeconomica do país”, disse João Francisco.

O secretário do Sinprof na Huíla pensa que se houvesse racionalidade quanto ao destino que era dado ao erário público na altura das “vacas gordas”, a situação da educação na província apresentaria um quadro diferente nos dias que corre.

“Há situações que, se houvesse alguma dinâmica no país, por parte de que governa, se calhar seriam ultrapassadas, porque já tivemos momentos em que, em termos financeiros, estavamos bem, e náquela altura, se os recursos fossem bem direcionados, a situação não estaria no ponto em que se encontra hoje”, lamentou o responsável.

João Francisco dá nota “negativa” ao sistema de “Reforma Educativa” em curso no país há já alguns anos, que para ele “não trouxe nada de novo” em termos qualitativos que seja o “retrocesso. O secretário provincial do Sinprof sublinha mesmo que a “Reforma Educativa”, na sua visão, “tem afectado negativamente o processo docente educativo, assim como os próprios resultados. Quando falamos da Reforma Educativa, estamos a nos referir da qualidade de ensino que tem estado a decair a cada ano que passa”.

“Mesmo a gente veja dados estatisticos a mostrarem um certo avanço, mas em termos de qualidade de ensino, está aquém das metas preconizadas”, disse, para quem “já demos as nossas contribuições para que hajam correcções devidas e esperamos que à devida altura sejam tidas em considerações”, frisou.

O responsável do Sinprof na Huíla asseverou que um dos “calcanhar de aquiles” no sistema de “Reforma Educativa” em curso em Angola é a componente da monodocência que para o professor “tem contribuido até certo ponto para a falta de qualidade do ensino”.

Em relação às dificuldades e reclamações dos homens e mulheres do giz, João Francisco revelou à Rádio Angola, na conversa mantida com o repórter Mensageiro Andrade, na cidade do Lubango, capital da província, revelou que por falta de “incentivo e axilio” dos professores, são “obriagdos” a percorrer sempre uma trajectória de cerca de 500 quilómetros da sede da província, uma situação dramática de acordo com o sindicalista.

“O nosso território é tão vasto e há professores que trabalham há quase 500 quilómetros da sede capital e esses funcionários não têm residência fixa lá e têm que fazer sempre uma trajectória nas localidades por onde trabalham, pelo que tem constituido um drama grande às famílias”, afirmou.

Disse também que o salário de 45 mil kwanzas que os professores auferem não tem sido suficiente para fazer face às dificuldades vividas e as distâncias que são percorridas de segunda à sexta, para o compromisso laboral. “Se olharmos para o salário que os colegas auferem de 45 mil kwanzas e as distâncias que têm que percorrer para chegar ao seu local de trabalho sem ter um subsídio de exolamento, tem criado muitos contransgimentos”.

Outra preocupação, das muitas manifestadas pelo secretário provincial do Sinprof na Huíla, nesta entrevista à Rádio Angola, consiste nas “pessímas” condições de trabalho aos professores e a falta de condições de acomodação dos alunos nas referidas escolas.

Segundo João Francisco, no interior da província, os homens do giz trabalham condições “deploráveis”, debaixos das árvores, alguns em salas improvisadas pelas próprias comunidades “sem qualquer dignidade humana”. “Das visitas que fizemos, encontramos, por exemplo, escolas em que a secretária do professor é improvisada de paus, os próprios assentos dos alunos não passam de troncos de paus, adobes e latas”.

“Uma das quastioões que dificultam na assimilação das crianças é a falta de condições, logo há necessidade urgente de criarmos condições e o governo deve assumir as suas responsabilidades para que essas condições negativas sejam ultrapassadas”, descreveu à Rádio Angola.

Acompanhe a seguir a entrevista completa que o Secretário Provincial do Sinprof na Huíla, João Francisco, concedeu à Rádio Angola:

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