SEGURANÇAS DA SOCIEDADE MINEIRA DO CUANGO FUZILAM GARIMPEIROS EM XÁ-MUTEBA

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Pedro Casseno, de 29 anos de idade, e Amissy Katanga Muyaya, 43 anos, foram baleados por agentes de segurança da empresa Kadyapemba, ao serviço da Sociedade Mineira do Cuango, na zona de garimpo Bula, comuna de Luremo, em Cafunfo, Lunda-Norte. Os disparos aconteceram nos dias 6 de Julho e 14 de Junho.

Texto Jordan Muacambiza

A acção, que os moradores classificam de autênticos fuzilamentos, culminou com a morte de Amissy Katanga Muyaya, que não resistiu aos disparos. Foi enterrado ao sábado, dia 7. Pedro Casseno se encontra hospitalizado no Josina Machel, em Luanda.

Segundo colegas de garimpo, o disparo mortal contra Amissy ocorreu quando se encontrava a lavar cascalho no rio com outros garimpeiros, na zona de Catutumuna (Vuka), concretamente no bloco 8, bairro Ngonga-Ngola. Tão logo chegou e sem fazer qualquer pergunta, um agente, identificado apenas por Dala, apontou a pistola que empunhava e atingiu certeiro sobre o cidadão.

Apavorados, os colegas colocaram-se em fuga, e igualmente os agentes da segurança. Quem conta é a testemunha Jacó Ngunza, cunhado da vítima. A polícia local disse aos familiares que o autor do disparo fatal já se encontra detido na segunda esquadra de Cafunfo.

Pedro Casseno | Foto: RA

Para a remoção do corpo do local do crime, o director da empresa de segurança deu dez mil Kwanzas aos familiares para alugassem uma viatura, porque, disse, “senão a viatura da empresa poderá ser danificada pelos populares da Vila de Cafunfo”. O carro alugado custou 15 mil Kwanzas. A empresa não acrescentou a quantia em falta, muito menos cobriu os gastos do óbito.

Os familiares exigem justiça. Amissy Muyaya deixou filhos desamparados. Mediante um processo-crime e justo julgamento, familiares pedem punição do autor do disparo e indemnização à empresa Kadyapemba.

Entretanto, Pedro Casseno continua hospitalizado em Luanda. O único tiro entrou pela parte superior da coxa esquerda, tendo a bala saído por trás. Tem a região do corpo toda inflamada.

Os diamantes estão no centro das mortes nas zonas de extracção mineira do Cuango, como já várias reportamos. O ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo, visitou a Vila de Cafunfo no mesmo dia em foi enterrado Amissy Muyaya, sem nada ter dito sobre as mortes de garimpeiros naquela localidade às mãos de agentes que fazem a segurança da Sociedade Mineira do Cuango.

Agastados, os moradores da localidade apelam ao governo que desvie o rio Cuango, “porque é o rio que fez essa terra causar tantas mortes”.

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