SEGURANÇA DA EMPRESA KADYAPEMBA TORTURA MAIS UM GARIMPEIRO EM CAFUNFO
Um grupo de quatro agentes de segurança da empresa Kadyapemba, ao serviço da Sociedade Mineira do Cuango, no dia 2 de Fevereiro de 2019, realizaram uma operação na área de Camabo, nas proximidades do aeroporto de Cafunfo, tendo surpreendido um grupo de vários garimpeiros que se dedicavam às actividades de garimpo artesanal naquelas áreas, entre os quais Alexandre Lola, de 32 anos de idade, que foi torturado com coronhadas de arma pela cabeça.
Texto de Jordan Muacabinza | Correspondente em Cafunfo
Natural de Camaxilo e residente em Cafunfo, Alex, como é conhecido, ficou muito ferido depois das agressões na cabeça e nos membros inferiores, como mostram as imagens em anexo. Segundo a vítima, os agentes bateram-lhe com catanas nas duas pernas, mas falou que teve sorte porque “graças aos colegas que gritavam” não foi morto, como tem ocorrido com vários garimpeiros na localidade.
Enquanto Alex sangrava estatelado no chão, o agente segurou a própria arma e disparou contra si mesmo com a intenção de suicidar-se, tendo a bala entrado por baixo da boca e saído perto da testa, conforme contaram os garimpeiros presentes.
Fontes contactadas pela Rádio Angola afirmaram que, dentre os agressores, o agente de segurança que feriu Alex está identificado como Fernando Malavoqueno, de 30 anos de idade e natural do Cunene. O mesmo se encontrava detido há dois meses acusado de assassinato de um garimpeiro em Cafunfo. Foi colocado em liberdade alguns dias apenas e novamente posto a trabalhar pela empresa Kadyapemba, desta vez em Camabo.
A empresa pertence ao comissário Eduardo Fernandes Cerqueira, nomeado por João Lourenço em Novembro para delegado do ministério do Interior e comandante provincial da Polícia Nacional no Huambo, e o chefe de preparação combativa do Exército das Forças Armadas Angolana (FAA), tenente-general Joaquim Constantino «Passy Kuiki», como referiu o jornalista e activista Sedrick de Carvalho no artigo “Criminosa segurança dos diamantes dos generais”, publicado no jornal Folha 8 em Julho de 2018.
A direcção da Kadyapemba descartou qualquer assistência médica à vítima, deixando a responsabilidade à família. Disseram que a única preocupação que era para com o agente que tentou o suicídio, encontrando-se hospitalizado no hospital provincial de Malanje, para onde foi transferido. O cidadão ferido continua em casa com as mesmas ligaduras desde o dia 2, dia em que foi assistido no hospital regional de Cafunfo.
O desemprego e a fome são os maiores problemas da região mineira, o que leva a juventudes a dedicar-se ao garimpo. Populares clamam pela reabertura das cooperativas para gerar empregos e “acabar com essas atrocidades”.
Enquanto não surgem as empresas, munícipes do Cuango pedem ao governo que reabram as zonas de garimpo “porque é com essa actividades que muitos tem vindo a sobreviver”. E exigem que se acabe e os crimes das empresas extractivas.
Defensores dos direitos humanos têm condenado as acções criminosas das empresas, estas que envolvem morte de muitos cidadãos indefesos.