JOVEM MORRE AFOGADO NA LAGOA DO COELHO

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É a décima segunda pessoa a perder a vida no local. É o primeiro adulto e a segunda vítima deste ano

Mergulhadores afectos à Unidade de Protecção Civil e Bombeiros tiveram, ontem, imensas dificuldades para localizar e recolher o corpo de um jovem de 24 anos que, na manhã de sábado, morreu afogado na Bacia de Retenção do Coelho, na Avenida Deolinda Rodrigues, em Viana, apurou o Jornal de Angola.

O jovem, que em vida se chamou Clementino Campos, morreu quando nadava na lagoa, depois de ajudar os moradores do bairro do Quilómetro 9-B, a desassorear a vala de drenagem das águas pluviais, que, no momento em que chovia, arrastava lixo e vários outros objectos que impediam o curso da água para a bacia de retenção.

Eleva-se a 12 o número de pessoas mortas por afogamento na zona, sendo 11 crianças, todas elas moradoras nas redondezas. Clementino Campos é o primeiro adulto e o segundo a perder a vida este ano, desde que se efectuou a requalificação da Bacia de Retenção do Coelho. Segundo testemunhas, que prestaram informações ao Jornal de Angola, ele havia encontrado os seus vizinhos a limpar a vala, por volta das 10h00 da manhã de sábado, uma actividade de rotina feita pelos jovens das redondezas sempre que chove.

Dentre todos os jovens que participaram da limpeza da zona, ele foi o único a entrar para a lagoa. Por uns instantes nadou. Saiu da água, lavou-se com a água limpa da chuva e voltou a entrar para a bacia, para espanto dos seus companheiros, a julgar pela presença no perímetro de dejectos, lixo, carcaças de viaturas e objectos contundentes. Depois de nadar alguns metros, acenou para os amigos e mergulhou para não mais voltar, disse ao Jornal de Angola um jovem que testemunhou o infausto acontecimento.

A família alertou a unidade de Protecção Civil e Bombeiros de Viana às 17h00 de sábado e estes marcaram presença no local apenas no dia seguinte, domingo, às 7h00, com uma equipa constituída por sete elementos, entre os quais quatro mergulhadores e três nadadores-salvadores.

Quatro horas de buscas

Até às 9h00, altura em que a reportagem do Jornal de Angola chegou ao local, quatro mergulhadores efectuavam buscas directamente no perímetro onde se deu o acontecimento.

Depois de aproximadamente duas horas de buscas, os quatro mergulhadores, apoiados por uma prancha e munidos de cilindros de ar comprimido, saíram da água “para respirar ar natural, beber água e descansar”, disse ao Jornal de Angola um dos elementos da unidade de Protecção Civil e Bombeiros que participou na operação. De acordo com o operativo, as buscas foram marcadas por muitas dificuldades, porque a água da lagoa apresenta uma coloração escura, devido ao longo tempo de permanência no local, o que impedia a visão dos mergulhadores.

Na superfície da lagoa do Coelho existe muito lixo, capim e dejectos, enquanto debaixo da água há grandes quantidades de carcaças de viaturas, resíduos sólidos e argila (lodo), o que aumentou as dificuldades durante as buscas, disse um dos mergulhadores. Devido a essas dificuldades, os mergulhadores optaram pelo método de contacto directo (apalpar) os objectos existentes até uma profundidade de cinco metros, tendo o corpo sido encontrado às 11h00 de ontem e levado para a Morgue Central de Luanda.

A vítima

De 24 anos e pai de uma criança, o jovem, de acordo com a sua irmã mais velha, contou à família que na madrugada de sábado teve maus sonhos, o que o impedia de dormir. Dionísia Campos disse ao Jornal de Angola que diante da situação, os restantes membros da família ficaram com ele na sala a ver televisão, até ao meio da manhã.

Depois, decidiu sair de casa no momento em que chovia. Alguém da família tentou dissuadi-lo a não se ausentar, a julgar pela queda da chuva e a correnteza da água, que levava muito lixo, mas ele não deu ouvidos contou Dionísia Campos com a face molhada de lágrimas.

Fonte: Jornal de Angola

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