RAPPER E ACTIVISTA MONA DYA KIDI LANÇA “NGALA UBHEKA” NO ELINGA

Depois de ter lançado em 2011 a sua primeira obra discográfica de originais, intitulada “Kamundongo”, que simboliza a sua etnia por nascer na região outrora pertencente ao “Reino do Ndongo”, cuja língua é o Kimbundu, Mona Dya Kidi reaparece sete anos depois para partilhar com os seus admiradores e amigos os seus momentos de solidão, ou a experiência em que sentiu-se sozinho fruto da conjuntura sociopolítica que o país viveu. Mas nunca pensou em desistir, pois a música serve como terapia, disse.

Texto de Simão Hossi

“Ngala Ubheka”, na língua Kimbundu que em português significa “momentos de solidão” ou “estar só”, é o reflexo da experiência vivida pelo artista nestes sete anos de intervalo entre o Kamundongo e o actual álbum. O músico adianta que escreveu as músicas em momentos de solidão por questões familiares, sociais, política e laborais que o obrigou a isolar-se de muitas coisas que o rodeavam.

Em entrevista à Rádio Angola, Mona Dya Kidi afirma estar mais maduro no que diz respeito à sua poesia musical, isto em relação ao disco anterior que vendeu duas mil cópias.

Dya Kidi adianta que neste CD homenageia figuras que para a sua vida artística e cívica são inspiradoras, e cita personalidades como Reginaldo Silva, Rafael Marques, Reverendo N’toni  Nzinga, Padre Casimiro Congo, Padre Pio Wakusanga, cidadãos que, disse, os seus posicionamentos são singulares e pelo sentido patriótico com o país, sendo que isto lhe inspira para continuar a fazer música.

Mona Dya Kidi afirma que nos sete anos não ficou a dormir, sendo que foi participando em músicas de outros artistas e projectos. Disse ainda que foi fazendo palestras em algumas periferias da capital do país, destacando que a figura do artista sempre esteve presente.

O rapper, que vive a sua vida regrada com o compromisso consigo mesmo, diz que as circunstâncias o levaram a adoptar esta postura que culminou em vários desafios que teve que enfrentar de todos os lados.

O álbum “Ngala Ubheka” trás 16 faixas musicais e conta com participações de artistas como Bráulio Davide e M Fashion, ambos de Benguela, a nível de Luanda participaram Jang Nómada, Shorty Bang, Neuma Félix, Soloba, entre outros. Mona Dya Kidi que traz essencialmente rapper no CD mas brinda também os amantes do reggae com uma música.

O autor da música “Já vais tarde”, promocional que foi um recado directo ao antigo chefe de Estado da República de Angola, diz que as receitas arrecadadas pelas vendas do “Ngala Ubheka” “servirá para financiar um projecto social que prevê construção de um centro de formação profissional para ensinar línguas nacionais, começando com a sua língua materna – kimbundu -, na fase inicial e posteriormente estender-se para as línguas nacionais kikongo, umbundu e outras línguas bantus que existem no país, com o propósito de resgatar a identidade cultural que muitos perderam”, afirmou o activista que para ele todo aquele que comprar a obra em promoção e as restantes cópias do primeiro CD são potenciais contribuintes para este projecto social em forja.

Lembrar que o lançamento será no próximo sábado, dia 28 de Julho, no espaço Elinga Teatro, à baixa de Luanda, a partir das 9h da manhã, com vendas também de t-shirts da sua marca, animação cultural e exibição de imagens de figuras a homenagear, deixando assim aos que acorreram ao local um dia de muita animação.