Presidente da UNITA pensa que salários de miséria e não aposta ao empresariado nacional atrasa desenvolvimento

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A UNITA entende que o país não consegue atingir o crescimento e desenvolvimento económico com o pagamento de salários miseráveis ou empobrecendo o empresariado nacional por via da concorrência desleal do próprio Estado, que exerce um peso excessivo sobre a economia, provocando a sua ineficácia e ineficiência.

Adalberto Costa Júnior falava nesta quarta-feira, 8, na abertura da conferência sobre os desafios económicos e o Orçamento Geral do Estado (OGE) para o ano de 2024, que decorreu no Centro de Convenções de Talatona (CCT), em Luanda.

O político disse que os vencimentos da função pública “devem aumentar e não de forma paliativa”, porquanto pensa que “ajustes de 5%, não compensam os números da inflacção e muito menos se o governo não coloca um freio na especulação dos bens primários”.

Para Adalberto Costa Júnior, “há que acabar com os desperdícios e a má gestão e empoderar os salários, que rapidamente irão ter sequência na revitalização da economia”.

Disse que Angola vive uma profunda crise económica, que entende ser reconhecida por toda a gente, tendo argumentado que “a pobreza e a extrema pobreza são marcantes no momento actual”, num contexto em que, afirmou, “a diversificação da economia se tornou uma miragem, pois o petróleo continua dominante, apesar das engenharias estatísticas do nosso governo”.

O líder da UNITA entende que “a solução não está nas riquezas do país; a razão não é a incapacidade das pessoas. A razão está na liderança do país”.

“Angola é um dos mais ricos países do mundo. Tem tudo: terras aráveis, um mar rico, uma fauna diversificada, com um subsolo cheio de reservas de minérios raros, muita água, muitas belezas naturais, petróleo e muito gás natural, uma população reduzida, um clima maravilhoso e até aqui, pouco sujeitos às mudanças climáticas. Ainda podemos dizer que vivemos numa região nunca atingida por ciclones, por terremotos, tufões e outros fenômenos naturais”, assinalou.

Adalberto Costa Júnior frisou que “faz todo o sentido, esta conferência, para ajudar o país a promover caminhos de estabilidade e desenvolvimento”, pois sublinhou “não sendo eu um especialista de matérias económicas, compete-me dizer que têm sido essencialmente as lideranças políticas as maiores responsáveis pelo retardar do país”.

A actual crise económica tem respaldo nas decisões políticas. Há perda de valores, perda de referências e inexistência de um claro caminho que porte soluções. O OGE para 2024 tem mais de 50% direcionado ao pagamento da dívida e isso só pode conduzir a um verdadeiro desastre”, avançou.

Fez saber que o país jamais alcançará o desenvolvimento “se continuarmos a negar as reformas que todos exigem. Não será possível atingir meta alguma sem as reformas políticas e administrativas, continuar a manipular os números, continuar a abafar os empresários genuínos; substituí-los por governantes corruptos”.

O presidente da UNITA disse também que a contínua negação das autarquias locais, manter o poder judicial e legislativo amarrados e como caixa de ressonância do chefe do regime, atrasa de igual modo o desenvolvimento dos angolanos. “Só com um forte e claro travão a todas estas más práticas, poderemos alcançar metas de servir todos e desenvolver o país”.

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