Presidente da CNE propõe sobrinho para cargo de Director Financeiro da instituição

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O novo Presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) Manuel Pereira da Silva “Manico” endereçou há duas semanas, a um sobrinho, Domingos Pinto Azevedo o convite para vir ocupar no futuro, o cargo de Director de Administração e Finanças e Logística da CNE, em substituição de Felisbela António Lucas Dula de Ceita “Bela”.

De acordo com Club-K, a semana passada, Manuel Pereira da Silva teve uma reunião com os trabalhadores e dia seguinte uma outra com o plenário constituído pelos comissários da CNE afim de transmitir sobre as remodelações que iria realizar neste instituição. Ao notar a existência de um clima “pesado” na instituição respeitante o desconforto da sua indicação, Manuel do Silva “Manico” refez a sua estratégia, mas entretanto afastou todos os principais responsáveis das finanças da CNE.

Na passada quinta-feira (5), Manuel do Silva “Manico” assinou o despacho 12/GAB/PR/2020 determinando a exoneração da Directora de Administração e Finanças e Logística da CNE, Felisbela Antônio Dula de Ceita (Bela). No mesmo dia assinou um outro Despacho 59/GAB.PR/2020 nomeando Daniel Catumbela Rodrigues de Faria, para as funções de Chefe de Departamento de contabilidade e finanças em substituição de Ricardo Kinkani André Sebastião.

Num outro Despacho 56/GAB.PR/2020, Manuel da Silva “Manico” ordenou que o novo chefe do departamento das finanças, Daniel Faria acumulasse também com as funções de Director interino de administração e finanças e gestão de pessoal da CNE, até a nomeação do futuro director efectivo. Bancário de formação, Daniel Faria entrou na CNE, recrutado pela antiga Presidente, Suzana António da Conceição Nicolau Inglês.

A iniciativa de nomear, por enquanto, um “director interino para as finanças”, é, segundo explicações, destinada a evitar alaridos a volta do sobrinho (Domingos Pinto Azevedo) que o patrão da CNE reservou para o referido cargo.

A directora afastada das finanças, Felisbela Ceita, é referenciada como sendo competente. No passado quando Manuel da Silva dirigia a Comissão Provincial Eleitoral de Luanda, Felisbela Ceita na qualidade de directora nacional era sua superior hierárquica e muito exigente para com as facturas que “Manico” apresentava para se fazer pagamentos, razão pela qual, agora como Presidente da CNE, tomou a decisão de exonera-la.

“Manico” afastou também a coordenadora do gabinete de auditoria interna da CNE, Kátia Afonso, agora substituída por Moisés dos Santos, que terá a missão de “fazer desaparecer” o relatório de auditoria das eleições de 2017, cujo conteúdo é comprometedor para o novo patrão da Comissão Nacional Eleitoral.

Domingos Pinto Azevedo, o futuro “director de finanças” , é sobrinho paterno do novo Presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva “Manico”. Ambos trabalharam juntos na Comissão Provincial Eleitoral de Luanda. Um como Presidente e outro como responsável da logística. Para além de serem familiares partilham interesses económicos em comum. Domingos Pinto Azevedo é o dono da empresa “DPA Comercial, Limitada” sediada na província do Bengo e que nas eleições de 2017, Manuel Pereira da Silva usou para descaminho de 50 milhões de kwanzas alegando ter pagamento de aluguer de viaturas para transportar fiscais eleitorais.

Em épocas eleitorais a CNE conta com um orçamento perto de meio bilhão de dólares. Nas eleições de 2008 o orçamento foi de USD 927,5 milhões, nas de 2012, de USD 653 milhões, e em 2017, de USD 796 milhões. Tais quantias tem provocado cobiça em meios políticos levando que em Fevereiro de 2019, uma corrente ligada a Rui Ferreira que lançou “Manico” para a Presidência da CNE.

Como responsável que serviu por 14 anos a comissão provincial eleitoral, Manuel Pereira da Silva “Manico” passou a ter domínio acentuado das questões dos contratos da CNE, por intermédio de um informante Gilberto Saldanha Afonso Neto colocado no gabinete da Presidência desta instituição.

Quando o parlamento angolano o conferiu posse para liderar a CNE, Manuel Pereira da Silva tomou como prioridade a remodelação da área das finanças e da logística da instituição. Ao nomear Daniel Faria como director interino para as finanças, o novo patrão da CNE nomeou também um quadro da contabilidade Ricardo Kinkani André Sebastião como seu assessor para as finanças.

Mário Pinto de Andrade o responsável do MPLA que foi a figura chave na promoção de Manuel Pereira da Silva para presidente da CNE, viu também a semana passada um parente seu Afonso Fortunato Dias Paim, a ser nomeado por “Manico” para o cargo de director de telecomunicação de informação e estatísticas.

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