População do Cuango exige expulsão da corporação todos agentes envolvidos no massacre de Cafunfo
Os populares do município do Cuango, província da Lunda-Norte afirmam que, não basta apenas a demissão dos dois agentes da Polícia Nacional, devido a profanação de cadáver, mas sim a responsabilização de todos os efectivos envolvidos no massacre de civis do dia 30 de Janeiro último.
*Jordan Muacabinza | Cafunfo
Fonte: Rádio Angola
Considerado um acto “inédito”, a população do Cuango, parcialmente “feliz” pela decisão do Comandante Geral da Polícia Nacional, que em nota dá a conhecer a demissão de dois agentes da corporação por ofensas corporais aos detidos e profanação de cadáver dos membros do Movimento do Protectorado Lunda-Tchokwé, refere que não podem ser os únicos culpados pelo massacre.
“É pela primeira vez na história, deste município do Cuango, em que a população testemunha a demissão de alguns agentes da Polícia Nacional, que desde longos anos, têm cometido várias infracções graves, outros tiram vidas humanas a céu aberto, os mesmos são bem protegidos sob o regime da corrupção, outros são assegurados pelos tios, cunhados e comandantes”, disse um dos anciãos de Cafunfo
Em entrevista à Rádio Angola, os habitantes do Cuango dizem que “não basta com a demissão de uns e outros ficam impunes, estamos perante uma situação muito chocante, que precisa de todos intelectuais reflectirem sobre as razoes que levam esta população reivindicar seus direitos”.
Os dois polícia colocados agora no desemprego, estiveram directamente envolvidos no assassinato de cidadãos civis afectos ao autodenominado Movimento do protectorado Português da Lunda-Tchowe.
Trata-se do inspector-chefe Eduardo Sachissapa Bongo Tomé e do agente Jonilto Meninho Txijica, ambos do Comando Provincial da Policia Nacional na Lunda Norte, segundo um despacho do Comandante-Geral da corporação, Paulo de Almeida, datado de 12 de Março de 2021.
“Não basta só a demissão dos peixes miúdos, mas sim os peixes graúdos também têm de serem responsabilizados, não pode haver favoritismo, porque a vida da pessoa humana é mais sagrada que Deus fez e vale muito mais do que qualquer instituição do Estado”, disse à RA Songuessa Wenjimaka, que apela por outro lado as autoridades competentes e demais organizações não governamentais, a procederem mais investigações independentes para que se apure a verdade dos factos.
Quem o Inspector-Chefe demitido da Polícia Nacional?
A Rádio Angola apurou que, o Inspector-Chefe, Eduardo Satchissapa foi um comerciante que vendia coisas diversas na vila mineira de Cafunfo e, tão logo foi reposta a Administração Municipal do Cuango, este, depois do seu cunhado identificado por René Sacapela ter assumido o cargo de Comandante da Municipal da Polícia.
Segundo a população, durante vários anos, Eduardo Satchissapa parecia na vila de Cafunfo como o homem mais fiel do comandante René Sacapela (cunhado), cuja finalidade era de recolher todas as verbas da Polícia Fiscal para apresentar ao seu cunhado, que ao que consta “não tem confiança com seus colegas, pelo que resolveu trazer seu cunhado para controlar os bens e fundo da Polícia Fiscal a seu favor”, refere a fonte.
Diante da situação e dada influência e o poder que o comandante detinha na altura (2004/2005), “logo o civil foi promovido como agente da Polícia Fiscal, sem antes ter passado a qualquer concurso público ou recrutamento, e assim surge seu sucesso”.
O agora Inspector Chefe expulso, após ter permanecido na Esquadra Fiscal Aduaneira de Cafunfo, o agente Satxissapa é elevado no seu cunhado a cargo de adjunto comandante da referida esquadra fiscal, onde de acordo com fontes bem informadas com o processo “acabou de se instalar ao ponto de ter lutado para que fossem removidas as imunidade do seu chefe conhecido de Charles”.
Demissão de Paulo de Almeida
Os habitantes do Cuango entendem que, tal como foram demitidos da corporação os dois efectivos, que o Presidente da República exonere o Comandante Geral da Polícia Nacional, Comissário Chefe, Paulo de Almeida, por na visão da população do Cuango e Cafunfo “ter instigado a violência com seus discursos incendiários”.
Para os populares, “se não fosse ele, não sairia com declarações musculosas perante massacre do dia 30 de Janeiro de ano em curso. E não só, com desdobramento das Forças Armadas Angolanas da brigada 75ª para Mbanza Congo e remoção de efectivos da polícia nacional para o municípios do Lukapa e Nzaji foi um sinal positivo de que foi um massacre organizado e bem estruturado por isso houve desdobramento para disfarçar a realidade, por isso também deve ser responsabilizado com os demais envolvidos”.