População da Lunda-Norte diz que “paz sem justiça é deficiente”

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Angola conquistou a paz efectiva a 4 de Abril de 2002, com a assinatura de um memorando de entendimento, que complementou o Protocolo de Lusaka, entre o Governo angolano e a UNITA, após a morte de Jonas Savimbi, a 22 de Fevereiro de 2002.

Jordan Muacabinza | Cafunfo
Fonte: Rádio Angola

Durante quase três décadas, o país ficou mergulhado numa guerra civil, que terminou em Fevereiro de 2002, com a morte em combate do então líder da UNITA, Jonas Savimbi, que permitiu o fim das hostilidades e a consequente assinatura dos acordos de paz entre o Governo angolano e o maior partido na oposição (UNITA), a 4 de abril de 2002, na cidade do Luena, província do Moxico.

As consequências do conflito armado foram devastadoras, para além da destruição do país, a guerra civil em Angola provocou milhares de mortos e deslocados. Entretanto, a população da região das Lundas diz que, mesmo com o calar das armas há 19 anos, o cenário de derrame de sangue de angolanos continua a ser registado em vários cantos do país, com maior enfoque para à zona leste, parecendo que o país não está em paz.

A paz é definida como estado de calma, tranquilidade, ausência de perturbações e agitação, que em Latim significa pacem=Absentia Belli, que pode ser referida à ausência de violência ou guerra.

Também a paz é definida por dois sentidos figurativos, sendo no sentido positivo e no sentido negativo, entretanto no sentido positivo define-se que a paz é um estado de tranquilidade e de quietude, já sentido negativo a paz é ausência de guerra ou violência.

Em Angola só existe a paz onde João Lourenço, Paulo Gaspar de Almeida, onde Presidente do Tribunal Supremo, Procuradores Geral, Presidente da Assembleia Nacional, entre outros “marimbondos” vivem, aqui nas Lundas não existe paz nem reconciliação se quer.

Onde efectivamente há paz, as liberdades fundamentais não podem ser restringidas por vontade de quem governa o que viola a Constituição da República de Angola.

Para protestar aquilo a que consideram violação dos direitos humanos, e entendendo que na região das Lundas a sua população não vive em paz propalado pelas autoridades, a população de Cafunfo, município do Cuango, na Lunda-Norte não participou da marcha realizada pela administração local, mesmo depois ter feito um comunicado a mobilizar os munícipes.

A população “negou” participar da passeata a favor da paz, por considerar que “aqui na Lunda-Norte e em particularmente no município do Cuango, não há paz, apenas há luto, pois, os assassinatos de filhos desta terra indica claramente isso”, afirmam, acrescentando que “paz sem justiça é deficiente”.

A Rádio Angola ouviu vários cidadãos do Cungo sobre os 19 anos de paz, alcançada em 2002. Para a jovem Anastácia Fiamate, residente no Dundo, “a Lunda-Norte não está em paz, desde que se descobriram os diamantes nesta terra, todos os dias somos assassinados por efectivos da polícia, militares e empresas privadas de seguranças”.

O cidadão Elias Muatxinguimbo disse que “os únicos que estão em paz, são os militantes do MPLA, Polícia Nacional, Forças Armadas Angolanas, e quanto ao restante da população não sente essa paz, porquanto as mortes continuam como se fosse na época da guerra”.

Sobre os ganhos da paz

Os habitantes do Cuango e Cafunfo constatam que não têm algo simbólico que represente os ganhos da paz e apontam a degradação de estradas, falta de escolas e hospitais na maior parte das comunidades.

“Os ganhos da paz que nós temos aqui no Cuango, são buracos e crateras, o derrame de sangue de civis massacrados no dia 30, outros ganhos da paz que nós temos aqui, são controlos, nova polícia e Forças Armadas vindo de Mbanza Congo e de Nzaji e Lukapa, para intimidar as pessoas”, disse um dos moradores do Cuango.

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