NO NAMIBE: PAGAMENTO DE PROPINAS CRIA DESCONTENTAMENTO
Muitos estudantes da Academia de Pescas e Ciências do Mar foram apanhados desprevenidos e pensam mesmo em desistir
O anúncio do pagamento de propinas para frequentar um dos oito cursos que a Academia de Pescas e Ciências do Mar do Namibe oferece no presente ano académico, fixadas em dez mil kwanzas para os que já lá estudam desde o ano passado e 15 mil para os novos, está a criar uma onde de descontentamento no seio dos discentes e candidatos a uma vaga.
A estudante do segundo ano do curso de Processamento de Pescado, Maria Cassova, disse ao Jornal de Angolaque a medida tomada pela direcção da academia vai desmotivar muitos jovens, que já têm dificuldades em entrar para os institutos superiores públicos.
Quintino Alberto, candidato a uma vaga para o presente ano académico na Faculdade de Recursos Marinhos, proveniente da província do Uíge, diz que não esperava por essa medida e acredita que tal se deve ao facto de se pretender diminuir o número de candidatos que este ano atingiu mais de cinco mil jovens, provenientes de várias províncias.
A academia conta, no presente ano lectivo, com 480 vagas disponíveis, distribuídas pelos oito cursos existentes nas três faculdades em funcionamento.
As propinas para frequentar um dos oito cursos disponíveis estão fixadas em dez mil kwanzas para os que já lá estudam desde o ano passado e 15 mil para os novos estudantes
A decisão tomada em conselho de direcção da comissão de gestão da Academia de Pescas e Ciências do Mar visa criar uma cultura de contribuição para que haja maior responsabilização dos jovens na sua formação, segundo Carmen Van-Dúnem dos Santos, coordenadora da comissão de gestão da instituição.
“Esta é uma decisão que foi baseada no contexto de asseguramento da qualidade do ensino e no contexto legal, por forma a acudir os gastos necessários, como aulas práticas, que serão feitas em algumas empresas do sector pesqueiro, compra de combustível para os meios que transportam os estudantes, manutenção dos equipamentos, entre outros”, justificou a responsável.
A entrada em funcionamento do internato, com capacidade para 120 estudantes, a entrega de 12 residências aos professores expatriados, bem como a introdução de dois novos cursos – Engenharia Electrónica e Oceanografia – são as principais novidades para o presente ano lectivo, que arrancou na segunda-feira. A instituição conta com 30 laboratórios que permitem a realização de trabalhos de investigação científica.
A implementação do primeiro programa de agregação pedagógica dos docentes e a aprovação de um estatuto – necessário para a nomeação de todo o corpo directivo – são tamb ém algumas medidas a serem tomadas no presente ano académico.
A Academia de Pescas e Ciências do Mar funciona com três faculdades, nomeadamente de Pescas e Navegação, Processamento de Pescado e a de Exploração dos Recursos Aquáticos. A instituição conta com 144 docentes, dos quais 63 nacionais, na sua maioria com grau de mestrado.
Fonte: Jornal de Angola