MUNÍCIPES DO CAZENGA MARCHAM CONTRA MÁ GOVERNAÇÃO DE TANY NARCISO
A marcha para exigir a destituição do administrador municipal do Cazenga Victor Nataniel «Tany» Narciso pela “má gerência” começou pouco antes das dez horas, tendo como ponto de partida o “Tanque do Cazenga” e ponto de chegada a administração municipal.
Texto de Pedro Gonga
Mais de duas centenas participaram da marcha, vindo de vários pontos do município. Sob o lema “Tany Narciso fora”, os jovens entoavam cânticos em que se ouvia “Tany gatuno fora; Queremos luz, água e educação”. Também exibiam cartazes com vários dizeres, como: “Sr. Administrador, Cazenga não é só Tala Hady; Um mês, uma marcha até que ires embora; Tany, Cazenga não é tua lavra”.
Segundo Viriato da Cruz, um dos organizadores do protesto, disse aos microfones da Rádio Angola que o que motivou a organização do protesto é a má gestão do município, sobretudo no que se refere ao saneamento básico, acrescentando que “o administrador nada faz em benefício do município e não vê nenhumas melhoras do município com a governação de Tany Narciso”.
“Nós, munícipes do Cazenga, estamos farto da má governação de Tany Narciso, por isso hoje decidimos nos juntar aqui para marcharmos e pedirmos a destituição de Tany Narciso”, avançou.
Viriato da Cruz disse também que “os munícipes do Cazenga não sentem a requalificação do Cazenga e dia-pôs-dia a delinquência aumenta”. Apontou a violação de duas jovens ao ponto de perderem a vida como um dos mais recentes casos que demonstra o índice elevado de criminalidade. Viriato exige a destituição do administrador e prestação de contas ao povo.
Mbanza Hanza, um dos jovens do «Processo 15+Duas», também munícipe do Cazenga e presente na marcha, mostrou-se indignado dizendo que “vive na pele a má governação de Tany Narciso e que Cazenga está dentro do projecto ´Vida Esquecida´”. Mbanza referiu que Cazenga é um dos municípios com menos infra-estruturas da capital do país, e lamenta o facto de o município do Cazenga, sendo histórico, estar nas condições em que se encontra.
“Não tem nem sequer uma universidade pública, nos hospitais não há medicamentos, saneamento básico é lastimável”, lamentou o activista.
Mbanza tece duras críticas ao administrador: “O Tany Narciso está mais preocupado com os seus negócios. É o homem que mais negócios privados tem. Transformou os serviços da administração em serviços de arrecadação de fundos pessoais. Então chega uma altura em que dizemos basta”.
Com a esperança de ver Tany Narciso exonerado, Mbanza fez lembrar que “nem sempre as exonerações resolvem os problemas, mas ver um outro rosto na liderança do município será um alívio”, e adiantou que “caso não seja destituído do cargo, as manifestações não irão parar”. O activista mostrou-se satisfeito pela adesão massiva dos munícipes.
“Alegro-me de ver aqui esse número. Uns irão dizer que somos poucos, mas só somos poucos porque muitos ainda estão acovardados e a consciência cívica é para ir ganhando. Para mim é um grande sinal estamos aqui a marchar. Estamos a fazer sentir o nosso dever e o que estão aqui é Cazenga” conclui Mbanza Hanza.
Matulunga, outro participante e também residente no Cazenga, destacou que “o município tem fontes de receita, os mercados arrecadam muitos valores para a administração local, o governo de Luanda disponibiliza valores para a administração, os taxistas contribuem para o desenvolvimento do município pagando taxa de circulação e nós, a população, pagamos impostos na compra da luz e água que são de má qualidade”. E questiona onde vai esse dinheiro todo.
O mesmo lamenta o facto de o município não dispor de um centro de investigação científica, mas reconhece o esforço da administração em construir uma biblioteca mas critica o valor cobrado para se ter acesso.
Outro participante exigiu a restruturação da escola Angola e Cuba com urgência porque, notou, “no município do Cazenga há muita criança fora do sistema de ensino. “O administrador parece ser mais amigo dos kuduristas e militantes do MPLA”, realçou.
Questionado sobre o comportamento da Polícia Nacional, Kambulu Tiaka-Tiaka, um dos membros da organização do protesto, mostrou-se satisfeito com a atitude dos agentes.
“A Polícia está a garantir a ordem e a tranquilidade pública. Agradecemos também ao comandante provincial de Luanda, o comandante Sita”, disse Kambulu.
Entretanto, enquanto decorria a marcha, uma carrinha da JMPLA circulava no local com o som muito alto, numa clara contra-manifestação. Tal atitude foi repudiada pelos participantes à marcha.
A marcha não terminou no local previsto, programada para a administração municipal, pois a polícia impediu. Perante o impedimento, os organizadores decidiram juntar-se a cem metros da administração para término da marcha, e aí protestaram alto contra a má governação de Tany Narciso, terminando a acção com a entoação do hino nacional.
Recordar que Tany Narciso é administrador do município do Cazenga há uma década.