MORADORES DE RUA RECEBEM “SOPA SOLIDÁRIA” DE JOVENS ESTUDANTES

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A sopa foi servida ontem, 23, no recinto da escola Nzinga Mbandi, imediações do Largo da Independência, na capital angolana, numa iniciativa do projecto “Meninos de Rua”, constituído por jovens provenientes em vários bairros periféricos da cidade.

Texto de Simão Hossi

A mentora e responsável pelo projecto composto por 80 jovens, Ilda Calandula, teve a ideia de juntar amigos e colegas da universidade com o objectivo de cumprir o desejo de agradecer a “Vovó Palmira” que a amparou em sua casa em 2000 quando ela perdeu-se dos seus pais, tinha ainda três anos de idade.

Calandula afirmou que estará a pagar uma divida consigo mesma e moral para com a então “Vovó Palmira” que não consegue encontra-la na idade adulta. Para compensar, decidiu concretizar este sonho de ajudar as crianças moradoras de rua a voltar às suas respectivas famílias ou, no mínimo, terem um abrigo mais condigno.

Ilda começou a materializar a ideia no princípio do ano, exactamente em Janeiro, mobilizando membros através das redes sociais. No dia 10 de Fevereiro teve o primeiro encontro com o grupo de 30 pessoas que viriam a integrar a fase inicial do projecto.

A coordenadora do projecto disse à nossa reportagem que continua a arrecadar donativos enquanto fazem os contactos com os vários orfanatos ou casas-abrigos para crianças de 12 aos 17 anos de idade. Calandula desabafa ser uma tarefa difícil por não terem patrocinador, pois o grupo sobrevive das quotas dos membros para a realização das suas actividades.

“O projecto está preocupado com o número elevado de moradores de rua, vulgos meninos de rua, e é nossa intenção ajudar a diminuir o número dos mesmos nas ruas de Luanda”, frisou a estudante universitária.

O grupo de jovens do projecto, para além da sopa e brincadeiras que levaram aos moradores de rua, elaboraram também um inquérito junto dos meninos para entenderem as reais motivações de cada um ter parado nas ruas.

Foram entrevistadas três meninas adolescentes que vivem e convivem com os rapazes aonde sentem-se obrigadas a se prostituírem para ter alimentação, para além de enfrentarem o frio e chuvas.

Ilda mostra-se ainda preocupada com alguns lares de crianças que negam receber os adolescentes por alegadamente serem agressivos e viciados em drogas.

Para a sopa deste dia 23 de Junho, aonde os meninos do Nzinga Mbandi foram contempladas, o projecto beneficiou mais de 100 moradores, para além de os dar a oportunidade de convívio com uma realidade dura que os meninos enfrentam.

Isto foi confirmado pelo participante do inquérito Fábio Medina, estudante universitário de ciências da comunicação, que diz ter sido uma oportunidade para aprender sobre o valor da vida e entender que afinal é preciso conhecer a realidade dura dos outros para poder saber como ajudar.

Já a Zeleiny Ferreira, outra estudante de ciências da comunicação, não escondeu a sua felicidade em ver as crianças felizes com o pouco que levaram, e não deixou de lamentar pelo que ouviu do que os meninos passam para ter o que comer e sobreviver.

Ivete Laura Manuel, que faz parte do projecto desde o início, diz que foi uma bênção fazer-se presente neste convívio com os meninos. A jovem recorreu à Bíblia Sagrada dizendo que a mão que dá é a mesma que recebe, manifestando assim a sua alegria por levar um sorriso aos desamparados.

A organização do projecto contou com o apoio da empresa WinTrad Automóvel Limitada, que ofereceu sumo, papel higiénico, batatas fitas e outros produtos, sendo que a sopa é fruto da contribuição dos membros organização.

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