MAT IGNORA QUESTÕES SOBRE CARTÕES DE ELEITOR NA RDC

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Ministério da Administração do Território não responde às acusações dos cidadãos congoleses que se queixaram de serem traídos pelo executivo angolano após ordem de expulsão na Lunda-Norte.

Quinze dias depois de os cidadãos congoleses terem acusado o executivo de ter traído a confiança depositada com a alegada atribuição de cartões de eleitor para que pudessem tomar parte no pleito eleitoral de 23 de Agosto de 2017, que elegeu o Presidente João Lourenço e voltou a dar uma maioria qualificada ao MPLA, o Ministério da Administração do Território (MAT) continua sem dar explicações ao país sobre o assunto.

Há uma semana, este jornal abordou aquele departamento ministerial no sentido de obter uma reacção do titular da pasta a respeito da denúncia que cidadãos congoleses fizeram, tendo o responsável do gabinete de comunicação institucional e imprensa aconselhado que se fizesse a solicitação por escrito.

Sete dias após a entrega do referido ofício, a única resposta que o jornal obteve foi através de uma mensagem telefónica de texto, segundo a qual “em momento oportuno o Novo Jornal terá [a resposta do MAT]”.

No referido documento dirigido ao ministro Adão de Almeida, este jornal questionava as razões porque o MAT até então não reagiu oficialmente às acusações do então dirigente da UNITA, Victorino Nhany, que já alertava, em 2017, a atribuição de cartões de eleitor a cidadãos congoleses para votarem no pleito de 23 de Agosto de 2017.

Questionou-se, igualmente, Adão de Almeida se era do conhecimento do MAT que estão cidadãos congoleses com esses documentos ou se o MAT só agora tomou contacto com a informação através dos órgãos de imprensa que estiveram presentes na Lunda-Norte e que divulgaram o assunto.

O Novo Jornal procurou saber também informações sobre se foram feitas diligências no sentido destes documentos serem recuperados, uma vez que os cidadãos congoleses abandonaram Angola levando-os para a República Democrática do Congo (RDC). Ao MAT foi ainda colocada a questão se os militares e polícias que se encontram no teatro das operações na Lunda-Norte notificaram o Ministério da Administração do Território sobre a existência de cartões de eleitores na posse de cidadãos congoleses apanhados na Operação Transparência, que visa combater a imigração e o tráfico ilegal de diamantes.

A última questão foi no sentido de saber quando o MAT estava a pensar vir a público esclarecer o assunto dos cartões de eleitor nas mãos dos congoleses. Na Lunda-Norte, este jornal apurou que uma boa parte dos cidadãos da República de Democrática (RDC) repatriados votaram nas duas últimas eleições realizadas em Angola.

A maioria disse ter votado no partido no poder e, como reacção à ordem de expulsão, exibiam cartões de militantes do MPLA e bilhetes de identidade de cidadãos nacionais, assim como cartões de eleitor angolano.

“Diziam-nos, podem ir registar-se porque vocês são angolanos. Votei no MPLA. Agora estou a ir com o documento do MPLA e está aqui o meu cartão que tratei no mercado do Lucapa”, disse a jovem congolesa [na foto], que alegou ser natural de Mbanza Kongo, província do Zaire, tendo prometido regressar ao território nacional através daquele município, mas como cidadã angolana.

O soba da comuna de Tchiluata, município do Lucapa, Alberto Muevo, atribui responsabilidades às administrações municipais, que, segundo assegurou, facilitaram o tratamento dos referidos documentos que os cidadãos congoleses exibiam, afastando a ideia de que foram os sobas locais a testemunharem a favor de cidadãos estrangeiros junto dos organismos do Estado para que se os cartões fossem emitidos.

Fonte: Novo Jornal | Nok Nogueira

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