MANIFESTAÇÃO CONTRA O DESEMPREGO EM QUASE METADE DO PAÍS

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Decorreu, no dia 21 de Julho, sábado, uma manifestação coordenada nas províncias do Bengo, Bié, Moxico, Benguela e Luanda. Em luanda começou no cemitério da Santana e terminou no largo das escolas.

Texto de Jesus Domingos e Pedro Gonga

Na capital do país, mais de uma centena de jovens, dentre eles desempregados e não só, marcharam tendo como ponto de partida o cemitério da Santa Ana em direcção ao largo 1° de Maio. Os jovens exibiram cartazes com vários dizeres, por exemplo: “O desemprego marginaliza”; ” João Lourenço, eu sou desempregado, exijo os 500 mil postos de emprego”; “O trabalho é um direito”, dentre outros. Os mesmos também entoaram cânticos como “A mostra o kunanga” ; “você também que é desempregado, vem marchar connosco”, “ser desempregado não é uma escolha, é má governação”.

Segundo o activista Tomás Sankara, a manifestação visou reivindicar o direito ao trabalho perante o índice elevado de desemprego que aflige a sociedade angolana é que tem sido causa da marginalização.

“Participo pela primeira numa manifestação. Tenho 21 anos de idade e fiz cinco curso no INEFOP mas não me deram créditos”, disse Adão Matima.

Adilson Domingos disse que “a marcha simboliza democracia e apelamos ao Estado a rever as politicas de emprego, pois queremos empregos e não maratonas, porque quando éramos crianças falavam estudam, e agora estou aqui sou técnico médio e nada”.

Para o activista Usongo “houve um espirito de cidadania”. Diz que “o povo mostrou patriotismo e hoje vimos que o MPLA não cumpre com as suas palavras”. Acrescentou que “já se passaram dez meses e nada, não se deu emprego, continuamos kunanga. O Estado tem de criar empregos directos ou indirectos e promover actividades para o bem”.

O activista Mauro Kapitango disse que o país precisa de se encontrar e dar emprego porque promessa é dívida. Teresa Mutango, mãe de três filhos e zungueira, concluiu o ensino médio mas nunca teve emprego “porque não tenho padrinho”.

Para o activista Dago Nível a manifestação “começou bem, mas no largo do Jumbo a policia queria reprimir”. Ainda assim, diz, “continuamos e quando chegamos aqui eles não querem nos deixar ir até ao largo 1º de Maio. Vamos parar mais valeu a pena a luta”.

Nito Alves, activista que participou da marcha disse que “o país continua na mesma e que um dia quando se fazer manifestação de verdade vão nos meter preso e mostrar essas para dizer houve liberdade. Esse governo tirano e corrupto não nos engana”.

Ao terminar, Laurinda Gouveia, pela organização, agradeceu a todos que participaram dizendo que “vamos continuar a lutar em prol do bem. Não atingimos os objectivos mais chegaremos lá e isso importa muito. A polícia esteve como sempre ao serviço do MPLA em vez do povo. Vamos terminar porque estamos cansado de ser oprimidos, mordidos mas o mal não deve perdurar”.

Importa lembrar que o que uniu os activistas foi a reivindicação dos 500 mil postos de empregos prometidos pelo presidente João Lourenço durante a campanha eleitoral. No Bengo a polícia não protegeu os manifestantes, deixando-os sozinhos, mas nada de mal aconteceu tal como noutros lugares.

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