Manifestação 11 de Novembro: Activistas absolvidos pelo Tribunal do Bocoio por falta de provas de crime

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O Tribunal do Bocoio colocou em liberdade os activistas que foram detidos enquanto preparavam a realização da manifestação do passado 11 de Novembro, “Dia da Independência Nacional”, que foi impedida pela Polícia Nacional.

Pinto Muxima | Eduardo Ngumbe

São quatro activistas detidos no dia 10.11, um dia antes do protesto, que tinha sido convocado pelos jovens activistas, naquela circunscrição da província de Benguela e levados a julgamento sumário nesta quarta-feira, oito dias depois da sua detenção.

Num julgamento que durou pouco mais de 5 horas, por não ter sido apresentado argumentos que sustentassem a acusação do Ministério Público (crime de desobediência) contra os activistas, o juiz da causa Hermenegildo Castelo David, julgou improcedente acusação, absolvendo assim os quatro réus, privados de liberdade durante oito dias.

Ao serem colocados em liberdade, os activistas prometem junto dos seus advogados mover uma acção crime contra o Estado Angolano por, no seu entender, terem seus representantes actuado à margem da lei.

O activista Higino Mituti, um dos subscritores da manifestação e preso junto os seus companheiros durante oito dias, disse à Rádio Angola que, quando foi detido “estava a preparar as condições para a realização da manifestação no dia seguinte.

Lembrou que, no mesmo dia da sua detenção, decidiu com os outros dois activistas, Rui Martelo e Fernando Katemo, irem à casa para colocar o seu telemóvel a carregar “e logo de regresso, próximo ao banco BIC, nos deparamos com uma dezena de policiais”, que supostamente os obrigou naquele mesmo instante irem até ao comando da Polícia.

“Perguntei o por quê que tínhamos que ser levados ao comando da polícia, mas os agentes diziam apenas que estavam a cumprir ordens superiores”, lembrou Higino Mituiti.

Contam que, logo que chegaram ao comando, a polícia retirou-lhes todos os haveres e de imediato foram colocados nas celas onde tiveram de permanecer durante oito dias e a manifestação que se tencionava, não veio a ser realizada.

O advogado dos activistas, José Paulo afirmou que “não ouve nenhum crime por parte dos réus, porque o número em que os réus foram encontrados não era superior de cinco, logo, era importante corrigir erros da polícia e assim como os erros do Ministério Público”, disse.

Para advogado, “não é crime manifestar-se contra o nível elevado de custo de vida, porque todo o cidadão tem direito de viver em melhores condições”, acrescentando que “o governo angolano deve olhar para às necessidades da juventude que reclama pelo desemprego e é necessário que se prime pelo diálogo permanente porque a manifestação foi anunciada em todo o país e era pacífica”.

Segundo o causidico, foi a polícia que “tornou a manifestação em conflito, pois muitos desses jovens já trabalham, mas sentem-se solidários pelos outros que ainda não conseguem ter qualquer emprego”, sublinhou para quem é importante que se corrigem os erros cometidos pela polícia.

A Rádio Angola apurou que, os agentes da corporação no município do Bocoio, “recebeu ordens” para capturar qualquer jovem que tivesse sido encontrado com camisolas timbradas com os rotos das três figuras da Independência Nacional, nomeadamente: António Agostinho Neto, Álvaro Holden Roberto e Jonas Malheiro Savimbi, que tinham sido organizadas pelos manifestantes.

A polícia também não poupou um adolescente de 17 anos, conhecido pelo nome de Kim Katemo, encontrado sentado fora da sua residência, mas como estava vestido de uma camisola com a imagem do presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, foi igualmente detido e levado ao comando da polícia local.

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