LUANDA: DÍVIDA COM OPERADORAS RESULTA EM AMONTOADOS DE LIXO

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O Governo Provincial de Luanda (GPL) tem uma dívida acumulada de 7 mil milhões de kwanzas com as operadoras de limpeza. O dinheiro que o GPL arrecada da taxa de serviço de limpeza é 70 vezes inferior à dívida mensal. Ambientalista alerta sobre os riscos para a saúde pública.

A província de Luanda voltou a ser palco de vários amontoados de lixo nas últimas semanas, sobretudo nas zonas periféricas, um cenário que se viralizou pelas redes sociais. Em causa está a paralisação de alguns serviços de recolha de lixo, como consequência da dívida acumulada do GPL às empresas de recolha de lixo, avaliadas em sete mil milhões de kwanzas.

O director do Gabinete Provincial do Ambiente, Gestão de Resíduos Sólidos e Serviços Comunitários de Luanda, Tchino de Sousa, admite dificuldades de tesouraria mas garante que o GPL está a negociar com as operadoras no sentido de alterar o quadro.

“Neste momento, o Governo enfrenta algumas dificuldades financeiras e, fruto dessas dificuldades, não conseguimos efectuar o pagamento às operadoras. Por esta razão, alegam que estão com dificuldades para pagar os seus funcionários”, explicou.

Segundo o responsável, o custo mensal com o sistema de recolha de lixo em Luanda ronda à volta de sete mil milhões de kwanzas, enquanto o valor arrecadado com a taxa de serviço de limpeza, no mesmo período, é de 100 milhões de kwanzas. Cálculo do NJ estima que o dinheiro que o GPL arrecada com a taxa de serviço de limpeza é 70 vezes inferior à dívida mensal com as operadoras, correspondente a apenas 10 por cento da mesma.

O GPL anunciou, para breve, um novo modelo de recolha de resíduos para Luanda. Enquanto isso, o lixo espalhado em várias artérias da cidade capital preocupa vários cidadãos que se vêem obrigados a conviver com o triste cenário. Com o novo modelo de recolha de lixo, ainda em estudo, o GPL pretende aumentar o volume de receitas arrecadado com a taxa de lixo.

Recorde-se que há para cada município uma operadora. Actualmente Luanda conta com 6,5 milhões de habitantes, espalhados em nove municípios, 41 distritos urbanos e 11 comunas. Ambientalista defende sistema diferenciado para cada região Em entrevista ao NJ, o ambientalista Vladimir Russo defendeu a implementação de modelos de gestão de recolha de resíduos diferentes para cada município.

“A recolha deve ser de acordo com as características de cada município. Não se deve recolher o lixo na zona periférica da mesma forma que se faz no centro da cidade”, frisou.

O ambientalista chama a atenção para as consequências dos amontoados de lixo, referindo que, além de proliferar doenças, aumenta gastos com a saúde.

“Os amontoados de lixo são vectores para várias doenças, porque é desses amontoados que se produzem vermes, baratas, ratos, mosquitos, moscas, ou seja, é um local propício para o surgimento de várias doenças, incluindo a cólera”, disse.

O especialista lembrou que, nesta época de chuvas, os resíduos são transportados para os esgotos e chegam até ao mar, comprometendo o ambiente marinho.

“Isso cria contaminação da água e afecta directamente todos nós, consumidores de produtos do mar”, rematou.

TAXA DIÁRIA: CADA CIDADÃO PRODUZ 0,65 KG DE LIXO

O relatório Económico e Social de Angola, referente a 2016, aponta que, anualmente, o país produz 3,5 milhões de toneladas de lixo. Deste número, 1,3 milhão é produzido em Luanda, com uma taxa diária de 6 mil toneladas, sendo que cada citadino produz, em média, 0,65 kg diariamente. Actualmente, a taxa de lixo, em Luanda, para os agregados familiares, está fixada em 2.500 kwanzas para a zona urbana e 1.500 kwanzas para as áreas suburbanas.

Quanto à classe empresarial, cobra-se 12.500 Kz para as microempresas, 18.500 Kz para as pequenas empresas e institutos e estabelecimentos públicos, 40.250 Kz para as médias empresas e 164.000 Kz para as grandes empresas. A construção de novos aterros sanitários está entre os principais desafios do Governo Provincial de Luanda.

Fonte: Novo Jornal | Hélder Caculo

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