JOVENS DO MOXICO ADEREM AO CINE DIREITOS HUMANOS

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A Friends of Angola (FoA), organização cívica sediada nos Estados Unidos da América, implementou no Moxico, concretamente no Luena, um programa de exibições de filmes sobre liberdades e direitos consagrados como direitos humanos universais com vista a abordar os direitos humanos nas comunidades.

Texto de Rádio Angola

O coordenador do programa, Sedrick de Carvalho, disse à Rádio Angola que os filmes “foram um pretexto para a conversa que se seguiu sempre após as exibições”. O projecto, disse, tinha como propósito discutir o tema central de determinado filme enquadrado num direito humano específico.

Na primeira sessão, avançou o jornalista, debateu-se a educação como direito humano depois de os presentes terem assistido ao filme «Rainha de Katwee», um drama inspirado em factos reais ocorridos no Uganda onde um grupo de crianças se tornam mestres de xadrez vivendo em condições extremamente difíceis, ensinadas por um morador preocupado com o desenvolvimento delas.

Um professor convidado fez-se presente ao primeiro debate e falou sobre a importância da educação para o desenvolvimento pessoal e colectivo. As sessões não foram acompanhadas por um convidado ligado ao tema em abordagem por, vaticina-se, receio de conotações negativas devido a presença permanente de agentes dos Serviços de Investigação Criminal (SIC) e de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), sendo que chegaram mesmo a intimidaram a organização para cancelarem o programa, como nos conta Nelson Euclides Mucazo, activista local.

“Chegaram a dizer que teríamos de cancelar o programa porque não estavam a perceber o objectivo daquelas exibições e debates. Todos os dias estavam presentes uns três, às vezes quatro agentes para ver o que se passava”, disse.

Não pararam e foram exibidos cinco filmes que correspondem a igual números de temas discutidos, um por semana, nomeadamente, educação, integridade física, trabalho escravo, acesso à justiça e direito a manifestação, todos com suporte na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP).

O cerco apertado não dissuadiu os moradores do Luena a comparecerem às sessões, sobretudo a juventude, que participaram activamente das discussões tendo como propósito capacitarem-se para melhor agir para desenvolvimento da comunidade, daí que, disseram, planeiam alguns projectos para executar nas áreas abordadas, com realce à educação, acesso à justiça e direito a manifestação.

Quanto ao programa, avançou Sedrick de Carvalho, brevemente será implementado noutra província, pois, acrescentou, “é um cine-diálogo itinerante que proporciona diálogo entre cidadãos e estimula a cidadania”.

O evento decorreu na escola São José (Promaica), cedida pela igreja Católica que tem Dom Tirso Blanco como o bispo local, ao qual a FoA agradeceu pela disponibilidade.

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