Jornalistas angolanos dizem “basta” às perseguições e ameaças à liberdade de imprensa
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Os jornalistas angolanos marcharam este sábado, 17, pela primeira vez na história de Angola, em Luanda, em protesto contra os ataques à sede do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) e contra as ameaças de que vários jornalistas têm sido alvo, exigindo respeito pela liberdade de imprensa.
Somos jornalistas, não somos criminosos. Quem tem medo da liberdade de expressão? O nosso partido é o jornalismo!”, gritaram as centenas de jornalistas dos diversos órgãos públicos e privados, que participaram na marcha organizada pelo SJA.
Tal como descreve o NJ, o líder do sindicato dos jornalistas, Teixeira Cândido, disse no final da marcha que os poderosos podem calar uma redacção, mas nunca o jornalismo.
“Podem fazer recuar uma redacção, jamais todos os jornalistas! A luta pela liberdade de imprensa não vai parar. Ricardo de Melo foi morto há 30 anos, mas a luta para um jornalismo livre e ao serviço do cidadão não parou e nem vai parar”, disse Teixeira Cândido, assegurando que “todos devem defender o jornalismo livre”.
O SJA apelou ao Executivo para não permitir que cidadãos morram pelo facto de escolherem a profissão de jornalista.
Teixeira Cândido pediu para que as autoridades policiais usem todos os meios legais para esclarecerem os assaltos às residências de jornalistas e à sede do sindicato.
Os jornalistas Carlos Rosado de Carvalho e João Armando são de opinião que os jornalistas devem ser livres e respeitados.
Carlos Rosado de Carvalho disse Ao Novo Jornal que os ataques contra a sede do SJA é claramente uma ameaça à liberdade de imprensa e a todos os jornalistas angolanos, deixando claro, na marcha, que os actos de ameaças não vão intimidar os jornalistas.
“Vamos continuar a lutar por um jornalismo livre e independente em Angola”, realçou Carlos Rosado.
João Armando, director do Jornal Expansão, disse que as autoridades têm de encontrar os assaltantes da sede e das residências dos jornalistas, e realçou que os jornalistas devem ser respeitados pelas autoridades.
Manuel da Conceição, jornalista da TPA, e Paulo Miranda Júnior, da Rádio Luanda, disseram não ser normal os ataques à sede da SJA e às residências de jornalistas.
Os dois jornalistas são de opinião de que há uma mão “invisível” que quer silenciar toda a classe e travar a liberdade de expressão.
Escrivão José, director do jornal Hora H, salientou que os jornalistas não se vão calar e irão continuar a lutar pela liberdade de imprensa em Angola.
Nesta que foi a primeira marcha dos jornalistas angolanos, a sociedade civil não ficou de fora e vários foram as organizações presentes na marcha, com destaque para o Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) e o Movimento dos Estudantes Angolano (MEA).
De recordar que nesta sexta-feira, 16, véspera da marcha de repúdio, a sede do Sindicato dos Jornalistas Angolanos foi de novo assaltada. Isto depois de, no dia 03 de Dezembro, pela segunda vez numa semana, elementos desconhecidos voltarem a levar consigo a unidade central de processamento (CPU) do computador principal, que já tinha sido furtada, e devolvida dias depois, com várias mensagens de ameaça ao secretário-geral do sindicato.
De actos similares foram alvo os jornalistas João Armando, director do Jornal Expansão, e Raquel Rio, correspondente da agência Lusa, em Luanda, no mês passado.
PR condenou os assaltos à sede do Sindicato dos Jornalistas
O Presidente da República, João Lourenço, condenou esta sexta-feira a onda de assaltos ao Sindicato dos Jornalistas Angolanos e apoiou a manifestação dos jornalistas.
O Presidente acredita que tais acções estejam a ser realizadas com o objectivo de desacreditar o seu governo.
“É um direito que lhes cabe e devem, sim, senhor, manifestar-se, para se fazer sentir a necessidade de o Estado assumir a sua responsabilidade de investigar isso. A manifestação que saia e que se condene quem tem de se condenar, mesmo sem se saber ainda quem são os responsáveis”, afirmou.
João Lourenço recomendou à Polícia Nacional que faça a devida investigação, para se apurar quem são os responsáveis por esta onda de assaltos.