JLO alerta para aquecimento global, mas ignora seca no sul de Angola

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Por TV Livre Angola

O presidente João Lourenço alertou ontem, Setembro 24, em Nova Iorque que o mundo assiste impotente ao fenómeno das alterações climáticas e do aquecimento global, sem se referir à severa seca que afecta o Sul de Angola, desde novembro do ano passado e que seu governo que enfrenta uma grave crise económica tem procurado esconder da comunidade internacional, mesmo sem ter capacidade para e acudir o incerto número de mortes humanas e de gado na região.

“ Os exemplos concretos desse fenómeno multiplicam-se pelo mundo fora, o que nos leva a associarmo-nos àqueles que denunciam a irresponsabilidade dos que persistem em ignorar esses sinais e se sentem no direito de continuar a sustentar indústrias poluentes”, disse o presidente João Lourenço no seu discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas. Ele argumentou que o fenómeno tem vindo a agravar como comprovam os mais recentes estudos científicos e o aumento galopante dos fenómenos naturais e suas consequências devastadoras, com o proliferar um pouco pelo mundo fora de uma série de tufões, ciclones, tsunamis, cheias ou
ainda secas severa.

Críticas

Rafael Morais, representante da Organização baseada em Washington DC, Friends of Angola

Para activistas em Angola, ao ignorar o problema da seca no sul do país, o presidente não age melhor que as pessoas que ele próprio critica, sendo o maior paradoxo no discurso do presidente João Lourenço. “Acho que o presidente perdeu uma grande oportunidade de encontrar parceiros viáveis com experiência e capacidade no sentido de ajudar a ultrapassar o caso de seca e fome no sul de
Angola”, disse à TV livre Angola, o activista Rafael Morais, representante da Organização baseada em Washington DC, Friends of Angola que se ocupa de questões dos direitos humanos, boa-governação e transparência, ao reagir ao discurso de JLO na 740 Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, depois de ter participado de um outro grande encontro sobre as alterações climáticas e fenómenos do clima no mundo, convocado pelo Secretário Geral da ONU, António Guterres e que juntou líderes mundiais que debateram os grandes desafios ambiências para salvar o planeta.

Emergência

Deputado à Assembleia Nacional, pela bancada parlamentar da UNITA, Adalberto Costa Júnior

As críticas dos activistas seguem em linha com o alerta da oposição política no país africano. O líder da bancada da oposição política UNITA que realizou as suas jornadas parlamentares na Huila e Cunene, recentemente , em tentativa de chamar atenção para os desafios da seca e fome no sul de Angola, o deputado Adalberto Costa Júnior, exige que o governo declara um estado de

emergência.

“A fome e seca na região é mais grave do que se pensa e as medidas até aqui tomadas, não respondem nem correspondem com a demanda, obrigando comunidades inteiras a deslocarem-se procurando água e pasto. As crianças são obrigadas a abandonar as escolas tornando-se o suporte dos pais na busca de água e pastoreio”, disse Adalberto Costa Júnior que é igualmente um dos possíveis concorrentes à presidência da UNITA no Congresso deste ano.

O deputado da Unita recomendou que o OGE 2020 inclua verbas para projectos duradouros capazes de resolver o problema da seca e fome no Sul do País.

O drama

Testemunhas no terreno denunciam a incapacidade das autoridades na resolução deste problema ambiental recorrente na região

Segundo o Fundo das Nações Unidas para Infância(Unicef) a severa seca no sul de Angola envolve as províncias da Huila, Namibe, Cunene e Cuando Cubango e põe em risco perto de 2.3 milhões de pessoas, além da produção agrícola e milhares de cabeças de gado, reserva alimentar e de sobrevivência dos povos da região.

Essas mudanças climáticas tem incidência numa altura que o mundo está cada vez mais preocupado com os efeitos do aquecimento global no planeta.

“ Saudamos a iniciativa da realização recente de manifestações em centenas de países pelo mundo fora e que se constituíram num verdadeiro cordão humano em defesa da preservação do Ambiente em prol da defesa do planeta, nossa casa comum. Mas os críticos do presidente angolano não conseguem entender a razão porque João Lourenço não declara um estado de emergência no sul de Angola, pois isso dificulta os esforços humanitários para obtenção de recursos e mobilização de ajuda internacional para as áreas e as populações sinistradas em Angola.

O governo angolano tem reafirmado que está a desenvolver a assistência, mas testemunhas no terreno denunciam a incapacidade das autoridades na resolução deste problema ambiental recorrente na região.

Trata-se da segunda vez que o presidente João Lourenço discursa na Assembleia Geral da ONU, após ter sido empossado em 2017.

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