FUNCIONÁRIOS PEDEM DEMISSÃO DO DIRECTOR DA EDUCAÇÃO NO MOXICO
Irregularidades, incompetência, falta de experiências e domínio do sector estão no centro das exigências.
Texto de Dito Dali
Funcionários e professores dirigiram-se à equipe da associação LAULENU, recém-criada por activistas no Moxico, para denunciar e exigir a exoneração imediata do responsável máximo da educação no Moxico, que está a ser acusado de ter cometido irregularidades no concurso público realizado à luz do despacho conjunto nº 95/18 de 12 de Abril.
Segundo as denúncias, quando se fez o concurso público haviam vagas para os três subsistemas: 1.º ensino primário, cujos candidatos deveriam ser técnicos médios; 2.º primeiro ciclo, para bacharéis; e o segundo ciclo, para candidatos licenciados ou mestres.
Depois da correcção, houve algumas irregularidades causadas pela incompreensão do director provincial da educação, Ricardo Raimundo, alegadamente por não dominar os critérios do concurso, sobretudo em relação às vagas para o II Ciclo. Tal situação fez com que algumas vagas fossem devolvidas a Luanda.
“Só que quando surgem novas orientações, não havia alternativas, tendo em conta o erro cometido, o Ricardo Raimundo e o Victorino, subordinado seu, começaram a colocar pessoas que não tinham sido apuradas, deixando aquelas que tiveram as melhores negativas, essas que tinham a hipótese de preencher as vagas”, contaram.
Apontam ainda que Ricardo Raimundo afastou o responsável da área de Recurso Humano do gabinete provincial da educação, passando as tarefas dessa área ao CDE. “Quando surge a directora nacional de RH, encontra esse erro, criticou-os, sugeriu-lhes que alterassem os documentos, mas infelizmente já era tarde”, lamentaram.
“No momento em que o Tribunal de Contas veio para homologar os documentos, encontrou essas irregularidades, mas validou o concurso do ensino primário e do I ciclo, deixando o II ciclo. E quem poderia resolver esse problema do II Ciclo? O TC fez o seu trabalho e regressou, deixando a responsabilidade ao director provincial Ricardo Raimundo, e esse, por sua vez, tinha que ir a Luanda resolver o problema, mas que só tinha uma semana para o fazer. Ao invés de resolver o problema, ele nem sequer chegou lá, deixou o caso em Luanda e viajou para o Brasil”, frisaram.
No dia 17 de Janeiro deveria ser realizado um seminário, “infelizmente disseram que o concurso para os candidatos do II ciclo não vai sair, tudo por causa dessas irregularidades que foram cometidas devido a desorganização, incompetência, falta de experiência e domínio da parte do director da educação do Moxico”.
Raimundo Ricardo também está a ser acusado de ter retirado as competências do departamento de recursos humanos e transferiu-os para outro departamento. “Ele tira as tarefas do RH, passa-as para o departamento de ensino”.
Foi esse o grande problema que causou irregularidades, isso “por não ter conhecimento de como se faz o recrutamento e selecção de pessoas”, disse um funcionário do gabinete provincial da educação do Moxico que mostrou-se agastado com o comportamento do seu chefe.
Ainda segundo a nossa fonte, estão acusar o director da educação no Moxico de ser uma pessoa de má fé ao querer inviabilizar o reajuste de salários de funcionários com nível de técnico superior. “Ele estava para ´lixar´ com as actualizações de categorias dos professores e funcionários com o grau académico de licenciados e mestres. Graças a intervenção da chefe do DAF, que teve contacto com os chefes de outras províncias e informaram-na sobre o que tinha sido abordado no encontro que os directores tiveram em Luanda”.
Desde que assumiu as funções de director do gabinete provincial de educação no Moxico, a convite do governador Gonçalves Mwandumba, seu amigo pessoal e ex-colega do ministério da Juventude e Desporto onde exerceu a função de director nacional dos desportos, os funcionários queixam-se de Raimundo Ricardo de ser um homem de mau carácter, intriguista, sem competência e falta de experiência para continuar a dirigir um sector de suma importância para o desenvolvimento daquela região.
“Com pouca qualificação para desempenhar esse trabalho, o novo director, absolutamente inseguro e na defensiva, começou, de várias formas, a fazer com que a vida se tornasse impossível para os seus colaboradores”, disseram.
“Os coordenadores e directores de escolas são constantemente insultados e ameaçados com exonerações, trata-os de feios, de não saberem vestir, desorganizados e estarem a cheirar mal. Trouxeram-nos este senhor para destruir o sector da educação no Moxico”, afirmaram. “Caso não for afastado com urgência seremos os piores na classificação em termos de ensino. Vão ainda saber dele se tem um projecto sério e concreto para revolucionar ou melhorar o nosso ensino, não tem nada. É um grande turista e gabarola. Há tantos documentos no seu gabinete por despachar, mas mesmo assim o homem prefere viajar. Está mais para turista que outra coisa e tudo isso por culpa dele”, disse outro funcionário.
Para mais informações, a associação LAULENU telefonou ao director do gabinete provincial da educação no Moxico, para obter esclarecimentos pelas acusações graves que pesam contra si, mas sem sucesso. Os seus contactos telefónicos continuavam desligados.