ENFERMEIROS EM GREVE EXIGEM REMUNERAÇÃO DE 7 ANOS

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Os enfermeiros de Luanda estão em greve efectiva desde o dia 18 de Dezembro e, estranhamente, a nova ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, ainda não se pronunciou publicamente sobre o assunto. A greve foi convocada pelo sindicato dos técnicos de enfermagem de Luanda e publicado em edital afixado nos hospitais no dia 24 de Novembro.

Desde essa data, Rosa Bessa, directora provincial da saúde de Luanda desdobrou-se em apelos aos enfermeiros para que não efectivassem com a anunciada greve. As negociações que ocorreram nada mais foram um palco em que o ministério de tutela utilizou “evasivas e manobras dilatórias” para dissuadir os enfermeiros sem, entretanto, atender as reclamações dos profissionais.

Segundo o edital, a actualização da carreira de enfermagem dos auxiliares e técnicos é imprescindível, bem como as categorias equiparadas até ao nível do bacharelato. Os enfermeiros queixam-se de prestar trabalhos que, legalmente, não compete ao ramo, tais como a realização de consultas e prescrição de medicamentos nas unidades hospitalares.

Ao longo de sete anos, “os enfermeiros desempenharam dupla função”, conta a Rádio Angola uma enfermeira, “e nunca foram remunerados por esse trabalho”. A lei, porém, não permite que essa função seja desempenhada por enfermeiros. “Mas ainda assim fazíamos e a lei não nos protege”, explica a enfermeira.

“Fazíamos isso porque os hospitais não têm médicos, principalmente os que estão na periferia. E há três semanas que estamos em greve que o sofrimento dos doentes também agravou-se com os hospitais abarrotados”, lamenta.

Em resposta aos enfermeiros, Rosa Bessa disse nessa semana que “estamos em negociações e eles não podem declarar greve”.

 

RECLAMAÇÃO DE FUNCIONÁRIO DO MINSA

Numa mensagem enviada a Rádio Angola, um trabalhador do ministério da Saúde lamenta pela nomeação de Sílvia Lutucuta para ministra do sector em substituição de Luís Gomes Sambo, “um homem de respeito mundialmente que foi buscar financiamentos na época mais difícil que o país passou”.

Em súplicas ao presidente da República e relembrando o seu discurso sobre o estado da nação proferido na abertura do ano legislativo quando disse que “as instituições devem ser governadas por quadros do sector”, o funcionário reconhece que Sílvia Lutucuta é “alguém que academicamente pode ser competente”, e alega que a governante “deveria estar a dar aulas na Faculdade de Medicina, não desgovernando um sector complexo e crítico”.

O funcionário afirma ainda que Sílvia Lutucuta apenas “pisou os pés no Banco de Urgência de um hospital público agora nas visitas aos hospitais, sempre aparecendo na televisão”. Sílvia “foi o único membro do Governo que publicamente afirmou que manteria os quadros mas está a acontecer o contrário”, salienta, adiantando que a nomeação de um médico cirurgião para director do hospital sanatório, onde se trata de tuberculose, “não faz sentido”. “Vai operar quem?”, questiona.