Em Cafunfo: Homem de 38 anos baleado pela Polícia de Guarda Fronteira
Oiça aqui:
Um homem identificado pelo nome de Dany, 38 anos de idade está internado na cama do Hospital Regional de Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda-Norte, depois de ter sido alvejado à queima-roupa por um suposto agente da Polícia de Guarda Fronteiras (PGF).
O defensor dos direitos humanos na região do Cuango, Jordam Muacambiza, uma das vozes mais activistas no activismo local, relata que, o homem terá sido atingido com dois tiros nas costas na noite do dia 06 deste mês, quando se dirigia a casa de um familiar para cobrar uma divida.
Jordan Muacabinza reforçou que, após ser alvejado, o autor do crime escondeu a vítima no meio de um matagal, onde foi encontrado na manhã seguinte.
Segundo apurações, o facto ocorreu no conhecido Bairro Pone, arredores da vila mineira de Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda-Norte.
De acordo com testemunhas, o cidadão baleado pretendia sair do sector Cafunfo para o Bairro Café-2, localizado no município de Xá-Muteba, por onde havia deixado roupas, calçados e outro tipo de negócio “em kilapi, então queria ir cobrar as dividas”.
A vítima contou ao portal O Decreto que, depois da viatura em que seguia ter avariado pelo caminho (furo do pneu), o grupo de quatro elementos decidiu caminhar a pé, foram abordados por um efectivo da Polícia de Guarda Fronteira (PGF), “tendo nos perguntado se onde é que nos dirigíamos, que respondemos que estávamos a ir no Café-2”.
Insatisfeito, segundo o cidadão que se encontra com as balas encravadas nas costas, o agente “disse-nos para tirar tudo que estava nos bolsos e tudo que se encontrava na mochila e de seguida nos obrigou que fossemos ao Jango onde se encontrava o seu chefe no meio da mata, onde tem uma tenda de garimpeiros montada como Posto de Polícia da Guarda Fronteiro”.
No relato que faz, o cidadão lamentou que, posto no local onde supostamente estava o chefe do efectivo da PGF, o mesmo “amarrou o meu amigo Guelor com cordas até à boca deitado e pisou-o no pescoço”.
“Eu estava a ver tudo, em seguida disse ao agente por que é que estás a fazer isso ao meu amigo? Esse não é cabrito nem cobra, esse é ser humano, assim estás a matar pessoa ou como?”, contou acrescentando que “foi então que ele manipulou e disparou dois tiros contra mim, atingindo-me nas costas”.
“O município do Cuango, especialmente em Cafunfo tem vindo a ser considerado com a região de holocausto face os constantes casos de violação de direitos humanos, protagonizados pelos efectivos de defesa e segurança do Estado angolano, bem como pelos agentes de empresas privadas de segurança, uma situação muito preocupante”, disse o defensor dos direitos humanos, Jordan Muacabinza.
Segundo o activista, há anos que Amnistia Internacional (AI) tem solicitado a Angola a esclarecer uso da força contra população, tendo em conta vários casos de violação de direitos humanos no país e especialmente nas regiões das Lundas, por onde, de acordo com o Muacabinza, “não passa semanas sem registar incidentes gravosos e que lesam a dignidade da pessoa humana”.
Para Jordan Muacabinza, “os direitos fundamentais são todos aqueles inerentes ao ser humano, positivados em um código ou lei; estes direitos, e também garantias, surgiram com o intuito de proteger os cidadãos do poder do Estado através de constituições escritas, disse acrescentando que o princípio da dignidade da pessoa humana, por exemplo, expõe que os direitos fundamentais devem garantir o mínimo necessário para que o cidadão tenha uma vida digna”.
“São, entretanto, esses casos que a Amnistia Internacional tem vindo a considerar de assassinatos extrajudiciais que tem ocorrido de modo consistente nas Lundas”, frisou.
Defende que o autor pelo crime seja ser detido e responsabilizado criminalmente e que também acabar com os postos controlos nas vias públicas, como de igual modo que se remova o controlo da Polícia de Guarda Fronteira, que se encontra sobre a ponte do rio Cuango, “porque aí não é na fronteira e aquele posto de controlo da via dos bolinhos é apenas controlo de saque e não para proteger a fronteira”, considerou.
Os moradores de Cafunfo pedem ao Governo angolano e ao Presidente da República, em particular, a pôr fim a tais práticas de assassinatos de civis na região do Cuango, província da Lunda-Norte, rica em diamantes.