É AGORA QUE A MORENA VOLTA À SUA EXUBERÂNCIA?

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Um novo casamento da conhecida terra das belas praias, Benguela, começou com o empossamento do seu novo camarada no pretérito sábado, depois de fracassada relação com aquele que dividia corações benguelenses, tendo sido amado por uns e mal-amado por outros.

Texto de Rodino Satelo

O novo camarada que não vem também de uma relação saudável, depois de quase ver um astuto jovem lhe roubar a mulher em sua própria casa, vai encontrar uma mãe das cidades que apesar das suas pitorescas praias, adornos de acácias e poder místico escondido em parte incerta no Dombe Grande, não goza nos dias que correm de boa fama nas ruas de si mesma.

As anunciações dos anjos sobre uma nova aliança não passaram de verbos, não sei de forma premeditada, mas deixaram para o novo homem de Ombaka muitas ‘‘batatas quentes’’ como é o facto de a maioria da família lobitanga se ter manifestado contra esse casamento, o facto de se ter instalado na urbe um sector de educação mais problemático que já se viu e mafioso, o facto de a província estar a viver uma crise que não passa, mesmo com latim, despercebida até aos menos instruídos. É a crise da luz eléctrica e água que se pensava seria história a contar aos meninos nascidos depois da guerra. Nem mesmo laúca e o projecto água para todos conseguiram impedir que nossos frutos provassem essa amargura. O novo camarada encontra uma violência simbólica acentuada às crianças aos montões em salas de aula em condições desumanas, crianças estudando em capelas, debaixo de árvores, fazendo dos seus joelhos carteiras e tantas outras sem escola; hospitais que representam um dos lugares mais perigosos de se estar na província; espaços todos vendidos inclusive praias; uma tradição que trava a ascensão de jovens e de se obrigarem professores e alunos a irem a actividades partidárias; um mercado do chapanguele em condições desumanas e inaceitáveis, mormente para quem está munido com armas e ferramentas para corrigir o potencial e factualmente nocivo ao bem-estar do homem angolano; agentes reguladores altamente fomentadores da desordem na via pública; corrupção, cabritismo e bandidagem nas administrações e no próprio governo provincial; uma amada Benguela infelizmente fértil em actos de intolerância; um cavaco adormecido com betão lacrimogénio; investimentos profundamente litoralizados; potencial desportivo despedaçado; uma camaradagem cambaleante, enfim uma província aos papéis.

Será que o novo camarada da nossa Ombaka é aquele por quem se esperava para aliviar a terra do benguelú dos inúmeros abusos de que tem sido alvo e devolver-lhe a sua exuberante e proporcionalmente distribuída beleza? Será aquele que não reproduzirá só o ditado, mas resolverá com sua sabedoria os problemas enraizados do povo de cá? Será aquele que porá em primeiro lugar os interesses dos angolanos destinados aqui e a todos abraçará como irmãos? Será aquele que não deixará comer os que não trabalham e nem deixar morrer de fome os que trabalham? Será ele o enviado para transformar a doçura da gasosa em salgado?

Face a tudo que seus antecessores disseram nessa mesma altura em 2008 e 2012 e fizeram mais tarde, é normal que eu creia só vendo. Oxalá consiga corrigir as sequelas deixadas pelo trauma do jardim milionário, do saque na EASBL, dos milhões encontrados em gabinetes quando temos mais de setenta alunos em sala de aula sem ventilação adequada, crianças em hospitais partilhando a mesma cama, outras ‘‘acomodadas’’ no chão abandonadas à sorte do estagiário e a ausência de recursos, reagentes, e agentes humanos, pois não sei a que espécie enquadrar quem até a uma grávida exige gasosa em troca de uma boa assistência, muitos em que categoria colocar hospitais onde se trazem vidas ao mundo a luz de vela.

Nessa sua nova digressão marítima seja e tenha, camarada, sabedoria, sentido de ética e democracia elevados para que seja um sinal bom para Benguela. Que seu fazer, falar e estar estejam em consonância e sejam um pronto-socorro para salvar Benguela desta dor que persiste em magoar e ofender a sua alma.

Que sua liderança inspire e seja inclusiva, se sobreponha a patente de primeiro secretário para que no fim do seu contrato realize o sonho de ter morrido para que os outros tivessem vida e vida em abundância.

Boa missão camarada.