COMANDANTE DA POLICIA TORTURA E PRENDE ENFERMEIROS EM CAFUNFO

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O comandante da Policia Nacional no município do Cuango, Lunda Norte, António Neto Lemos, torturou o enfermeiro Abel Xinganhima, funcionário do hospital Regional de Cafunfo, partiu os vidros do hospital, acusando médicos de terem matado o seu filho identificado pelo nome de Graça Lemos, de 11 anos de idade.

Jordan Muacabinza | Correspondente em Cafunfo

Segundo Abel Xinganhima, António Lemos levou o filho que tinha problemas de anemia falciforme ao hospital no dia 27 de Janeiro, acompanhado com várias receitas prescritas por outros hospitais e precisando de transfusão sanguínea, pelo que perguntou se havia no estoque do hospital. O hospital confirmou que havia sangue. Tão logo iniciaram o processo de transfusão, conta o enfermeiro, o menor acabou por falecer. No exacto momento o pai-comandante começou a agredir o enfermeiro Abel, enquanto a mãe partia os vidros da porta e cadeiras do hospital.

Mandado de Soltura de Sefo Txicanha | DR

No dia seguinte, agentes do Serviço de Investigação Criminal do Cuango, sob ordens do comandante, foram ao hospital onde prenderam o pediatra do hospital, Sefo Tcxicanha Moisés, de 43 anos, colocado em liberdade na tarde desta quinta-feira, 31.

Segundo vários médicos contactados pela Rádio Angola, a criança faleceu na presença do director do hospital, por isso “se fosse para prender alguém deviam prender o médico que o consultou e não torturar e prender qualquer enfermeiro que lhe aparecesse naquele instante”.

Em protesto, a direcção do hospital encerrou a unidade de saúde, e assim permanece desde o dia 29, atendendo apenas os pacientes interno. O procurador-regional do Cuango, António Patrício Diogo Cândido, disse à VOA ter tomado conhecimento do assunto. “Recebi um processo com indicações que diz o que terá passado no hospital com o filho do comandante. O processo está em instrução, e é o que lhe posso informar”.

Segundo declarações de um enfermeiro sob anonimato, este não é o primeiro caso de detenção de enfermeiros. Outrora, quando o familiar do ex-procurador do Cuango faleceu no mesmo hospital, o procurador ordenou a prisão do enfermeiro António Maurício, técnico da área de medicina, que passou um mês nas celas do Cuango. Foi preciso a intervenção da directora do hospital à altura, Manuela Manengo, que pagou 300 mil Kwanzas de caução para pôr o mesmo em liberdade.

O actual director do hospital garantiu que vai à PGR local para saber sobre o colega detido, e reafirmou que o hospital permanecerá encerrado em solidariedade ao colega. “Só retomaremos os serviços depois de libertarem o homem”, vincou. A população está aflita à procura de assistência média para os filhos menores.

Os enfermeiros lamentam a cultura de impunidade no município do Cuango. Entretanto, ontem, dia 30, agentes da polícia local tentaram, em nome do comandante, pedir desculpas ao efectivo do hospital, mas o director recusou por na ocasião não terem colocado ainda em liberdade o colega.

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