Cidadãos classificam como massacre mortes no monte Sumi
Uma recolha de opiniões levada a cabo pela Rádio Angola determinou que muitos cidadãos angolanos classificam como “massacre” os confrontos ocorridos no Huambo em 2015, precisamente na Caála, onde a Polícia Nacional invadiu o local de culto da seita religiosa “A Luz do Mundo”, liderada por José Julino Kalupeteka, e ali matou centenas de fiéis da mesma seita.
Fonte: Radio Angola
Dentre os internautas participantes, pois a sondagem decorreu na rede social de 21 de Janeiro a 28 de Fevereiro do ano em curso, 81 por cento disse sim à pergunta colocada pela Rádio Angola: Na sua opinião, houve ou não massacre no monte Sumi?
José Kalupeteka, o líder da seita, continua preso, condenado a 28 anos de prisão pelo tribunal provincial do Huambo acusado de ser o responsável pela morte dos agentes. Para as autoridades angolanas, nos confrontos na Caála morreram 13 fiéis e nove agentes da Polícia Nacional, quando fontes diversas apontam para centenas. Durante pelo menos um ano o caso foi destaque nacional e internacional.
Ainda segundo as autoridades angolanas, a seita a Luz do Mundo é uma organização religiosa ilegal, o que motivou a entrada forçada dos agentes da polícia no recinto onde os fiéis estavam congregados em Abril de 2015 com vista a encerrar a mesma.
Recordar que uma delegação do partido político UNITA foi impedida de aceder ao local dos confrontos quando pretendia averiguar a situação. Entretanto, informações recolhidas e divulgadas pela UNITA na altura apontavam para uma perseguição e disparos indiscriminados no local e noutras aldeias.
“A própria polícia, na voz do segundo Comandante Geral, diz que houve três horas de fogo intenso, e sabemos que os homens de Kalupeteka não tinham armas. Então quem ficou a disparar durante três horas só podem ter sido aqueles que estavam armados, ou seja, a Polícia de Intervenção Rápida”, disse o líder parlamentar da UNITA à ocasião, Raul Danda.
Abel Chivukuvuku, presidente da coligação CASA, também deslocou-se ao local do massacre e, diferentemente da delegação da UNITA, conseguiu chegar ao lugar. Leonel Gomes, membro e deputado da CASA-CE que integrou a delegação, disse:
“O mais grave é que a caça às bruxas continua, porque ainda ontem houve matanças no Balombo, na comuna da Catata, região do Ngove, e no Longonjo”, destacando que o ciclo de matança continuava mesmo com a captura de Kalupeteka.
Rafael Marques, renomado jornalista e activista pelos Direitos Humanos, chegou a recolher informações de fontes ligadas à polícia nacional, que indicaram que as mortes aconteceram ao longo de vários dias, adiantando ainda “agentes dos serviços de segurança terão feito vistorias aos telemóveis dos polícias para apagar eventuais gravações em vídeo do que se passou”.
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