CASOS DE TRÁFICOS DE ÓRGÃOS DE SERES HUMANOS E RAPTOS DE CRIANÇAS NA PROVÍNCIA ANGOLANA DO CUNENE
Por Radio Angola
O caso de tráficos de órgãos humanos e raptos de crianças assola a província do Cunene. Manhã de sábado, 26 de Janeiro, no mercado informa de Chimukuyo ocorreu uma tentativa de rapto de três crianças com o intuito de levá-las no país vizinho, a Namíbia.
Uma das crianças conta o sucedido: “Ele disse assim, vem aqui e vou levar-te à Namíbia onde vais passar a pastar bois para te pagar três mil kwanzas, mas eu disse que não vou. Foi então que ele segurou-me por trás e lançou-me a força no carro, mas que foram apanhados depois te alguém ter ligado à Polícia Nacional”, disse a criança, relatando ainda que, saiu de casa com o propósito de ir ao mercado informal de Chamukuyo, arredores de Ondjiva para a compra de tomates. “Os meus amigos chamaram-me e disseram que há um tio que quer nos levar na Namíbia para pastarmos os seus bois para nos pagar cada um três mil kwanzas”, relatou o pequeno.
Um dos vendedores do referido mercado conta como tudo aconteceu para à interpelação dos raptores: “Eu estava a sair do mercado, a caminho, encontrei um senhor que estacionou uma viatura debaixo de uma árvore, como que a mesma estivesse avariada, mas dentro da mesma viatura haviam duas crianças. Ao chegar perto da viatura, ouvi as crianças a falarem a língua local e que eu entendia. Perguntei o que estavam a fazer dentro do carro e as crianças responderam dizendo que, esses tios querem comprar bolinhos para nós, mas agora pediram para que subíssemos no carro, é daí onde começou a confusão que fez com que as pessoas do bairro de Chamukuyo se aproximassem, foi assim que aconteceu”, contou o cidadão cuja a reportagem da Rádio Ecclésia não se referiu à sua identidade.
“Nós aqui estamos cada vez mais preocupados com essa situação, não estamos a viver à vontade devido à ameaça das crianças”, disse uma senhora, que acrescentou que debaixo da árvore perto da sua residência, tem estado uma viatura de marca Rav4 de cor azul perto das chanas, em que suspeita que a mesma tem sido usada para estes fins de raptos de pessoas adultas e crianças particularmente. “Por falta de segurança, de preferência estarmos a levar sempre as crianças ao mercado”, lamentou a cidadã residente na capital da província do Cunene.
“Estamos mesmo em perigo, ainda ontem, foi morto um maluco (demente) tendo sido retirado os órgãos, isso é uma guerra, é um perigo e não podemos continuar a viver dessa forma”, desabafou outra entrevista na reportagem da Emissora Católica de Angola, para quem “mais vale que a guerra volte outra vez, ao menos vamos morrer a tiro e não a faca e depois nos tirarem os órgãos”.
“Aqui no Camukuyo há muitas matas onde as crianças têm brincando, e, muito sinceramente é muito preocupante esta situação”, disse um dos senhores, que apela às autoridades policiais a garantir a segurança da população do bairro. “Eu quero que nos ajudem, nos deem a defesa civil e a polícia tem que trabalhar mais, pois com o inicio das aulas, a situação pode ser muito mais complicado”.
“Os polícias devem vigiar sempre os bairros para que se garanta segurança das pessoas”, rogou uma cidadã.
Entretanto, em declarações aos órgãos de comunicação locais, o Delegado Provincial do Interior, comissário Tito Munana, confirmou a situação ocorrida na província do Cunene, bem como a detenção dos supostos traficantes de seres humanos. “Nas imediações do mercado do Chamukuyo fora detidos quatro supostos traficantes de seres humanos, portanto, a população acorreu à esquadra próxima dando conta de que no mercado estavam quatro indivíduos que supostamente estavam a mobilizar ou negociar crianças para levá-las a Namíbia, mas ainda não sabemos. Posto isto, a Polícia deslocou-se ao local onde deteve os quatro suspeitos de trafico de seres humanos. Nesta detenção, depois ouvidos os traficantes, as autoridades estão no encalço de uma senhora que se presume ser a mandante de mobilização ou do trafico de pessoas”, disse o responsável da corporação.
Questionado sobre os supostos casos já ocorridos, o comissário Tito Munana , respondeu nos seguintes termos: “O que mais está aqui a preocupar as pessoas, é o que tem haver extração de órgão que é um caso isolado que tivemos na província que ainda não o provamos, ele próprio (traficante) é que se intitula e assume o crime, e não as autoridades judiciais que comprovam. Agora, quanto ao tráfico, é verdade que existe, há movimentos, há cidadãos namibianos que vêm para Angola e chegam ao ponto de convencerem com os país com propósito de enganá-los”, afirmou a alta patente da Polícia Nacional, tendo ao mesmo tempo tranquilizado a população do Cunene a se manter calma. “Pedimos a população que tenha calma e serenidade, qualquer situação comunique às autoridades”.
E, o padre Gaudêncio Félix Yakulengue, director da Associação “Ame Name Omunu”, disse que o facto já motivou a realização de uma manifestação na cidade de Ondjiva, no dia 4 de Janeiro de 2019, com vista à alertar os órgãos de direito sobre o perigo que se vive. “Há necessidade de alertar e de despertar as comunidades, as famílias para esses casos”, disse.
De acordo com o padre católico, “Não precisamos esperar que os casos se multipliquem, precisamos de alertar já as nossas comunidades, para que casa pessoa esteja preparado e se torne polícia e protector, isso é fundamental por agora. Portanto, se há ou não tráfico de órgãos de seres humanos, esperamos que a Polícia nos esclareça, mas nós alertamos desde já, o perigo que está no meio de nós de tráfico de seres humanos, mal, de tráfico de seres humanos, não nos interessa se foi um caso ou dois, está em causa a vida humana que é um dom inalienável que vem de Deus e ninguém tem direito a tirá-lo este dom ao outro”, referiu o padre Gaudêncio Félix.