Angola: “Gastamos muito dinheiro com as forças armadas”, diz analista

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Fonte: DW

Angola busca reforçar Defesa através de cooperação internacional e equipamentos militares. Para analista ouvido pela DW, um “país não pode ser potência apenas a nível militar, mas também a nível político e social”.

O Governo angolano já se mostrou interessado em parcerias com outros países para a aquisição de equipamentos militares, nomeadamente a Alemanha, para fornecer embarcações de patrulha a Angola.

Na última quinta-feira (07.02), a visita do Presidente italiano a Angola terminou com o reforço da cooperação entre os dois países no domínio económico, mas também na área da Defesa.

O Presidente João Lourenço destacou o fornecimento de helicópteros e equipamentos italianos para a Marinha de Angola, que devem ajudar na fiscalização e proteção da costa angolana e região.

Sobre o tema, a DW conversou com Eugénio Costa Almeida, investigador angolano no Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa.

DW África: Qual seria a intenção de Angola em firmar parceria na Defesa com diferentes países?

Eugénio Costa Almeida: Na minha opinião, será deixar de depender exclusivamente de material militar da Rússia, já que alguns dos materiais militares que temos em Angola são do tempo da União Soviética. Mas a qualidade do material russo não se pode ter ao mesmo nível que a qualidade do material feito pelo Ocidente. O fornecimento dos barcos alemães previstos há algum tempo, e os que estão a ser feitos por uma empresa holandesa, por exemplo, são uma boa medida para o país [Angola] diversificar os produtores, tendo em consideração a qualidade e as contrapartidas.

DW África: O Presidente João Lourenço citou a fiscalização do Golfo da Guiné como justificativa para a aquisição de mais equipamentos militares. Existe, de facto, um risco naquela região?

ECA: O Golfo da Guiné tem influência na costa angolana. Houve um tempo em que chegou a ser capturado nas costas angolanas e levado para a Nigéria. Angola é uma parte interessada na defesa de dois fatores: a nível da força aérea e marinha. Por exemplo, para salvaguar a rota do Golfo da Guiné, que é, neste momento, a segunda zona marinha mais sujeita à pirataria.

DW África: O Ministério da Defesa angolano foi citado ela consultora a EXX Africa. Em causa, a suposta ligação do Governo com uma empresa envolvida nas dívidas ocultas em Moçambique, num processo de compra de barcos para a Marinha. Acha que isto poderá prejudicar mais lá na frente a cooperação internacional no domínio da Defesa em Angola?

ECA: No caso de Moçambique, os contratos foram feitos a posteriori e, no caso de Angola, eles foram anunciados na mesma altura. Se por trás desses contratos houveram comissões e essas não forem transparentes, poderá haver algum pequeno quiprocó.

DW África: Além das cooperações internacionais no domínio da Defesa, os gastos do Estado angolano sempre priorizaram a Defesa. Já não é a hora de o Governo priorizar investimentos que beneficiariam diretamente a população?

ECA: Desde que um não implique a quebra do outro, eu acho que sim, daí concordo em absoluto. Há que se desenvolver mais a parte social do país, sem por em causa, ainda que reduzindo, a modernização das forças armadas. Uma coisa é verdade, gastamos muito dinheiro com as forças armadas. Uma país precisa ser potência não apenas a nível militar, mas também político e social.

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