Caso IURD: Polícia Nacional monta cordão de segurança e trava acesso de fiéis da Igreja Universal à sala de julgamento
Arrancou nesta quinta-feira, 18, na 4ª Seção dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda (TPL), o julgamento de pastores e bispos brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, acusados dos crimes de associação criminosa e branqueamento de capitais.
Rádio angola
São no total, quatro arguidos entre eles Honorilton Gonçalves da Costa, antigo responsável espiritual da IURD em Angola e Moçambique, Henriques Teixeira, o ex-diretor da Record TV África, o bispo António Pedro Correia da Silva e o pastor Valdir de Sousa dos Santos.
A sessão ficou marcada com a ausência do pastor Rodrigo César do Carmo por ter sido coercivamente deportado para a sua terra natal – Brasil, pelos Serviços de Migração e Estrangeiros (SME), por decisão das autoridades angolanas.
No primeiro dia do julgamento, a sessão ficou marcada com as questões prévias entre a defesa, acusação e o juiz da causa, mas fora do Palácio Dona Ana Joaquina, centenas de fiéis impedidos de terem acesso à sala onde decorria a audiência, processamento do dia, para em comunidade, louvarem e orarem ao seu Deus, aquém acredita que a seu tempo faz verdadeira justiça.
“A justiça dos homens pode falhar, mas jamais falhará a justiça de Deus”, afirmou um dos pastores, que se encontrava fora das instalações do tribunal.
Em declarações à imprensa, os fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola, contaram que, por causa do aparato policial montado, não lhes foi permitido entrarem na sala de julgamento, que para os membros da IURD “é uma farsa”, pelo que se aproximaram à orla marítima para elevar como suas precede um Deus dos “deuses”.
“Estamos aqui fora do Tribunal Provincial de Luanda como membros, já que não nos permitiram entrar na sala, por isso, exigimos que se faça justiça no verdadeiro sentido da palavra, para que seja definido o rumo da nossa igreja”, disse um dos fiéis .
Bispo brasileiro confiante na justiça por não ter cometido “nenhum crime”
O bispo brasileiro Honorilton Gonçalves manifestou-se confiante na justiça angolana, convicto de que não cometeu “nenhum crime”.
“Quanto a gente tem convicção de que não cometemos nenhum crime e estamos sendo acusados injustamente, então nós temos paz”, disse Honorilton Gonçalves, ex-líder espiritual da IURD em Angola, substituído pelo bispo angolano Alberto Segunda, atualmente à frente da direção da igreja, agora liderada apenas por angolanos.
Ao lado do co-arguido António Ferraz, bispo angolano, Honorilton Gonçalves afirmou estarem “fortalecidos pelo próprio Deus”.
“É essa a nossa sensação nesse primeiro dia do tribunal”, salienteou.
“Tem um ditado popular que diz que quem não deve não teme, então, o espírito santo nos dá esse conforto, nos fortalece. Nós estamos convictos que vai correr tudo bem ”, reforçou o bispo António Ferraz.
Segundo Honorilton Gonçalves, os factos, os depoimentos, vão mostrar que não houve crime da sua parte.
“Não houve nenhum crime da nossa parte”, declarou o bispo brasileiro, aproveitando a ocasião para “reparar um mal-entendido” com o advogado David Mendes.
Durante uma sessão, uma das questões prévias levantadas pela defesa dos arguidos teve uma solicitação para a retirada das medidas de coacção impostas aos seus constituintes, que o tribunal decidiu manter por enquanto, prometendo responder nos próximos tempos.
Sobre o assunto, o bispo brasileiro manifestou-se confiante de que a melhor decisão tomada pelas autoridades.
Para os fiéis, os bispos destaque uma mensagem de paz e de confiança na vitória.
“Nós sabemos que a luta é muito grande, sabemos que os desafios também”, referiu Honorilton Gonçalves, recorrendo à passagem bíblica que diz que “em tempos de tribulação também há glória”.
“Não é só nas conquistas, quando tudo está bem, nos gloriamos também nas tribulações, que trazem perseverança e perseverança a experiência e a experiência esperança”, frisou.
Relativamente ao arguido ausente, o pastor brasileiro Rodrigo César Ferreira do Carmo, o bispo explicou que foi expulso do país, ficando a saber já fora de Angola que era arguido.
“Tentou regressar, mas estava expulso. O visto venceu e ele não conseguiu voltar”, acrescentou.
bispo Valente Bezerra, líder reconhecido pelas autoridades angolanas da IURD Angola, expresso à Lusa a sua satisfação pelo início do julgamento.
“Os declarantes, ofendidos, estamos a falar aí no número de quase 100 pessoas. Ao longo de muitos anos ouvíamos que uma extinta liderança dizia que nós podíamos nos queixar aonde quiséssemos que nunca eles seriam chamados a tribunal. dos réus, começo a parabenizar a justiça angolana, até que enfim “, referiu.
Farpas entre David Mendes e Honorilton Gonçalves
Momentos antes da sessão do julgamento e para os holofotes da imprensa, o advogado de acusação, David Mendes e o ex-Presbítero Geral da IURD em Angola, Honorilton Gonçalves, trocado “mimos” à entrada da sala de audiência.
O advogado da acusação David Mendes acusou o arguido de ofendido, chamando-o de “criminoso”. “Ele estava chegando ao tribunal e eu estava com os advogados e com o cônsul do Brasil e a minha esposa também, éramos cinco ou seis pessoas, ele chegou, estava do nosso lado e eu dei bom dia para o deputado, quando dei bom dia ele se virou para mim com agressividade, eu disse para ele que não sou criminoso “, contou.
Para o arguido, o advogado talvez “tenha se equivocado, principalmente por causa da tonalidade da voz”.
“Eu saudei bom dia a David Mendes e disse que não sou criminoso”, explicou o bispo que faz parte do grupo dos arguidos. Questionado sobre a resposta que teria pedido após ter saudado o causídico, Honorilton Gonçalves afirmou “não respondeu nada”.
David Mendes apresentou uma versão diferente. Em entrevista à imprensa, o advogado que defende a “ala angolana” que acusa os réus, argumentou que foi ofendido pelo bispo brasileiro. “Ele teve sorte, senão eu lhe dava uma bofetada aí”, disse, dando que vai ser movido um processo de crime contra Honorilton Gonçalves, pelas supostas ofensas proferidas.
O julgamento do “caso IURD” prossegue nesta sexta-feira, 19, na 4ª Secção dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda (TPL), Palácio Dona Ana Joaquina, com a audição dos arguidos.