Associação de Camponeses acusa I.G.C.A de proteger entidades do “Lar do Patriota” no conflito de terras
O Presidente da associação de camponeses “ANA NDENGUE”, Mateus Adão, acusou os responsáveis do Instituto Geológico e Cartográfico de Angola (I.G.C.A), de estarem a servir dentro daquela instituição pública os “interesses estranhos”.
Rádio Angola
Mateus Adão que contraria às declarações de um alto funcionário do I.G.C.A, feitas recentemente à imprensa, que consideram falsos os documentos usados pela “ANA NDENGUE” como prova da titularidade do terreno em conflito com a cooperativa “Lar do Patriota”, disse que toda a documentação exibida pela sua associação foi emitida pelo Ministério do Urbanismo e Habitação e certificado pelo Instituto Geológico e Cartográfico de Angola (IGCA), como entidade autorizada para à concessão dos direitos de superfície.
Mateus Adão reforçou que, a invalidação da originalidade do documento de 309 hectares da associação de camponeses “Anandengue” pelo IGCA, demonstra que há no instituto indivíduos comprometidos com os usurpadores de terras. “Nós não fizemos documentos, que faz documentos são as autoridades do estado” disse.
O representante dos camponeses denunciou que, a semana passada, efectivos da Polícia Nacional e das Forças Armadas Angolanas, devidamente orientados, invadiram da associação de camponeses “ANA NDENGUE”, agredindo mulheres e idosos que se encontram a alguns em vigília a proteger os seus espaços: “O grupo veio acompanhado de Dino Matross e outras personalidades” disse
“Nunca fui Bandido!” – Dino Matross
O antigo secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo “Dino Matross” que tem sido mencionado em vários órgãos de comunicação social como estando a participar nas venda ilegais de terrenos dos camponeses na zona do Lar Patriota, em conluio com responsáveis da “Cooperativa Lar Patriota”, desmentiu a informação e acusou os dirigentes da a Associação “ANA NDENGUE” e do “Bairro Honga”, naquela zona de “difamadores”.
“As pessoas que me conhecem sabem que não sou e nunca fui bandido nem educado para estas situações” responde o político angolano ao portal O Decreto.
Em resposta ao O Decreto, o General Dino Matross, esclareceu também que nada tem haver com as vendas de terrenos naquela zona. “Tenho sido vítima destas falsidades”, disse, acrescentando que “ora queimei dinheiro, ora sou o culpado da falta de combustível no país, ora eu e o cda Roberto de Almeida queremos matar o filho do Nito Alves e agora sou o vendedor de terrenos dos camponeses no Lar do Patriota… Todos estes são uma cambadas de bandidos aproveitadores de circunstâncias e de oportunismos”, escreveu Matross,para quem “é um grupo de difamadores que anda por ai a caluniar me”.
Segundo centenas de camponeses efectos à Associação “Ana Ndengue” e do “Bairro Honga”, na zona do “Lar Patriota”, no município de Belas, em Luanda, o antigo secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo “Dino Matross”, tem estado a frente de um grupo na venda ilegal de terrenos dos camponeses na zona do Lar Patriota, em conluio com responsáveis da “Cooperativa Lar Patriota”.
As vítimas contaram que estão no espaço desde os anos 70 e 80, como agricultores, pois, a área “era uma mata e só os camponeses é que frequentavam”.
Na descrição que fazem, referem que a “Cooperativa Lar Patriota” surge apenas no terreno no ano de 2002, isto depois do fim do conflito armado, com os projectos que seriam implantados com a construção de residências e outras insta-estruturas sob a liderança do já falecido general “Dingwanza”, tendo garantido na altura que, os camponeses, muitos deles já falecidos, seriam indemnizados.
De lá para cá, relatam, já passam quase 18 anos e a “Cooperativa Lar Patriota nunca cumpriu com a promessa feita, apesar de ter destruído fichas para o controlo dos camponeses que receberiam as indemnizações”.
“Até hoje, não recebemos nada e só usam a força contra os camponeses indefesos”, disse uma das senhoras. As vítimas, maioritariamente mulheres, denunciam que já sofreram várias detenções, torturas e abusos sexuais por parte da polícia e militares.
Envolvimento dos generais e outras figuras ligadas ao partido no poder
Os camponeses denunciam que, uma das principais figuras que nos últimos tempos tem estado envolvido na venda ilegal dos terrenos pertencentes aos camponeses, é o político do MPLA e deputado à Assembleia Nacional, Julião Mateus Paulo “Dino Matross”, em conluio com os responsáveis da “Cooperativa Lar Patriota”.
De acordo com os camponeses afectos à associação “ANA NDENGUE e Bairro Honga”, o deputado do MPLA, “Dino Matross” criou uma empresa que funciona em sua casa localizada no Lar Patriota “onde são feitos os negócios obscuros para a venda de terrenos”.
O presidente da associação “Ana Ndengue”, Santos Mateus Adão apela por uma intervenção “urgente” do Presidente da República, João Lourenço e da Procuradoria Geral da República, no sentido de travar a acção dos “invasores” contra os camponeses indefesos, que têm sofrido agressão de agentes da polícia e militares que orientados pelo Julião Mateus Paulo “Dino Matross” e outras figuras que também têm interesses no terreno.
“Já não estamos mais no tempo da impunidade para que os detentores de poderes façam e desfaçam”, disse.
De acordo com os camponeses, para além do deputado Julião Mateus Paulo “Dino Matross”, tido como o principal “expropriador” dos terrenos, apontam igualmente os nomes de outras personalidades que supostamente se beneficiaram do espaço, nomeadamente: Manuel Chiquito, segundo comandante da URP, Maria do Rosário Sambo, ministra do Ensino Superior, Salvador Rodrigues.
Apontam também o secretário de Estado do Ministério do Interior, Salvador Sequeira, o general e deputado Higino Carneiro, irmãos Pitabel, antiga primeira-dama, Ana Paulo dos Santos, general Hendrick Neto, presidente do 1º de Agosto, general Wala, general Zé Maria, general Dino, o comandante Provincial de Luanda da Polícia Nacional, Eduardo Fernando Cerqueira e tantos outros.