Albino Pakisi diz que Isabel dos Santos é vítima de perseguição política e não de processo judicial

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A providência cautelar do Tribunal Provincial de Luanda, que em Dezembro de 2019, determinou o arresto provisório dos bens da empresária angolana Isabel dos Santos e do seu esposo Sindika Dokolo continua a levantar várias análises e questionamentos.

Uma das vozes ouvidas é a do analista político Albino Pakisi, que afirmou estar “desiludido” com a campanha de combate à corrupção levada a cabo pelo governo liderado por João Lourenço.

De acordo com o Club-K, que cita declarações proferidas à Rádio Ecclésia, quando analisava os principais temas da semana, Albino Pakisi manifestou-se “revoltado” com o que considera “tratamento desigual” da justiça angolana no julgamento de processos-crimes de “corrupção e branqueamento de capitais”.

Para o analista, “existem muitas individualidades no país indiciadas nos crimes desta natureza”, que segundo ele, “vivem sem nenhuma pressão das autoridades”, situação que de acordo com o também filósofo “não se verifica com a empresária Isabel dos Santos”, a quem “afirma estar a enfrentar um processo político e não propriamente judicial”.

O analista de política doméstica apelou na ocasião ao Executivo Angolano no sentido de melhor estruturar o seu desafio de combate à corrupção, sugerindo como uma das soluções o “diálogo interno no seio do MPLA”.

Segundo Albino Pakisi, o antigo Vice-Presidente da República, Manuel Vicente “efectuou muitos desvios de fundos públicos durante o seu consulado de 12 anos na gestão da petrolífera angolana, SONANGOL”, ainda assim disse “encontra-se em liberdade”.

O analista apontou ainda outras personalidades, nomeadamente os generais na reserva Leopoldino do Nascimento “Dino” e Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, que na visão de Albino Pakisi “lesaram o Estado Angolano em milhões, mas que circulam à vontade no território nacional”.

Quanto à decepção manifestada pelo antigo Primeiro-Ministro de Angola e ex-secretário-geral do MPLA, Marcolino Moco, sobre o rumo da governação de João Lourenço é, segundo o analista, “um sentimento generalizado no seio da população”.

Pakisi referiu que, a decepção não é apenas contra o Presidente da República, João Lourenço, “mas contra a própria governação desastrosa do MPLA”, que a seu ver “devia convocar os seus membros para uma reconciliação interna, ao invés de promover uma campanha fingida de combate à corrupção”.

Recorda-se que, em Dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda, emitiu uma providência cautelar de arresto provisório dos bens da empresária Isabel dos Santos, seu esposo, Sindica Dokolo e de um sócio Mário Filipe Moreira Leite da Silva, na altura dos factos, exercia o cargo de Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Banco de Fomento de Angola (BFA).

O despacho-sentença resulta de um requerimento de providência cautelar intentado pelo Estado Angolano, na sequência de um processo que corre trâmites, em que este solicita o pagamento de USD 1.136.996.825,56 (mil milhões, cento e trinta e seis milhões, novecentos e noventa e seis mil, oitocentos e vinte e cinco dólares e cinquenta cêntimos).

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