Administrador de Talatona acusado de aliciar camponesas com máquinas de pipocas para abandonarem terreno

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O administrador municipal do Talatona, em Luanda, Rui Duarte, está a ser acusado pelas camponesas do 11 de Novembro, no Distrito Urbano da Cidade Universitária de estar a aliciar as senhoras com máquinas de pipocas e motorizadas de três rodas, com a finalidade de abandonarem o terreno de camponeses, supostamente vendido aos empresários chineses.

São mais de 500 camponeses, que se dizem agastados com a morosidade do Governo Provincial de Luanda (GPL), para a tomada de decisão no litígio de terra em que alegadamente estão envolvidos o administrador municipal, Rui Duarte e o comandante da polícia do mesmo território, Joaquim do Rosário, a quem acusam de serem os principais “culpados” pela usurpação de terrenos naquela zona da capital.

O regresso no terreno em causa de mais de 100 hectares localizado nas proximidades do arquivo histórico nacional, no Camama, está previsto para esta quinta-feira, 14.

Os camponeses, na sua maioria senhoras de idade avançada, lamentam que enfrentam há vários anos, dias e noites ao relento, pois não conseguem construir uma vez que a administração do distrito e do município, não aceitam passar as licenças de construção se não for do “grupo do comandante Rosário, tenente general Rui Fernando e o administrador municipal do Talatona”.

Na semana passada as camponesas dirigiram-se até à sede da administração para ouvir do titular, mas postos no local, Rui Duarte terá aliciado às senhoras com máquinas de pipocas e motorizadas de três rodas, com vista a abandonarem em definitivo o espaço. “A atitude do administrador foi uma ofensa moral para nós as camponesas”, desabafou uma das vítimas.

O porta-voz dos camponeses, Daniel Neto, disse que, sempre que defende os camponeses, “é logo conotado como opositor ao poder”. Disse que não faz sentido o governador de Luanda pedir um parecer ao administrador do Talatona, Rui Duarte, que segundo os camponeses “faz parte do grupo que expropria” os terrenos no Talatona.

“Neste país não gostam de quem defende aos que mais sofrem, por isso é que na semana passada, surgiu uma notícia que eu estava a fundar um partido político, o que é pra mentira”, disse.

Parte do terreno em litígio já foi erguida o conhecido “Condomínio do Kino”, num espaço em que altas patentes das FAA e da Polícia Nacional usaram o nome do Estado angolano e suas instituições para satisfazerem os seus interesses.

Para tal, tiveram que correr com as camponesas instrumentalizando efectivos da Polícia Nacional, agentes do SIC, das FAA e Procuradores junto do Serviço de Investigação Criminal (SIC).

As vítimas que pedem ao Presidente da República, João Lourenço enquanto Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA), para o fim da presença dos órgãos de defesa e segurança do Estado nos terrenos.

Frisam que o seu clamor só vai terminar quando o governador de Luanda, Manuel Homem resolver o problema.

A Rádio Angola tentou sem sucesso ouvir o administrador municipal do Talatona.

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