Acusados de tentativa de golpe de estado ao presidente Dos Santos negam em tribunal a prática do crime

Compartilhe

O Tribunal Provincial de Luanda, ouviu os primeiros réus do grupo acusado pelo Ministério Público de crimes de tentativa de rebelião, atentado ao Palácio Presidencial na forma frustrada, associação de malfeitores e posse ilegal de armas de fogo. Isaac Arão e Luciano Domingos, negaram em tribunal durante o interrogatório individual a prática dos crimes de que são imputados.

À saída da audiência desta terça-feira, 06/12, que decorreu a porta fechada, Sebastião Assurreira, um dos advogados de defesa, afirmou à Rádio Angodesmobilizados03la que a sessão decorreu em boa perspectiva para os seus constituintes. O advogado disse que os réus ouvidos, declararam em tribunal que, a quando da sua detenção pelos agentes da polícia nacional, foram submetidos a fortes torturas na Unidade Operativa de Luanda e coagidos a “admitir o crime não praticado”.
Sebastião Assurreira explica que, um dos arguidos, no caso Rafael Tchiama, seria o primeiro a ser interrogado pelo juiz da causa João António Eduardo Agostinho, mas segundo o causídico “em consequência dos espancamentos sofridos no dia em que foi detido pela polícia, o mesmo apresenta uma mente perturbada”, disse o advogado à Rádio Angola.

O advogado disse também que durante à audição individual, os réus negaram qualquer colação do processo ao Partido UNITA, dizendo apenas que por serem desmobilizados das ex-FALA, antigo braço armado do galo negro, sentem-se no direito de reclamar o seu enquadramento na Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas, a semelhança dos desmobilizados das ex-FAPLA, antigas forças militares do MPLA.

Jornalistas proibidos de a ceder a sala do julgamento

Ao contrário do primeiro dia do julgamento em que a imprensa teve acesso a sala onde decorrem as sessões de julgamentos com algumas limitações e restrições, o cerco aos jornalistas ficou apertado ainda mais.

Na segunda-feira, 05/12, o julgamento não aconteceu por falta de energia eléctrica no tribunal, mas enquanto se esperava pelo restabelecimento da corrente, os jornalistas já estavam proibidos de entrar na sala de da audiência com os meios de trabalho, nomeadamente: telemóveis, gravadores, máquinas fotográficas e camaras de filmagem.

A ordem de proibição foi expressa pelo comandante da esquadra do Benfica, super intendente-chefe, identificado apenas por Lucas, que num tom meio “arrogante” alegou apenas “ordens superiores” que se presumem que foram dadas pelo juiz que conduz o processo.

O segundo dia do julgamento dos “35+2 à monte”, o cerco  à imprensa ficou mais apertado ainda, pois os jornalistas foram vedados de acompanhar o julgamento, que nessa fase está reservada para os interrogatórios aos réus arrolados no processo, sem qualquer “justificação”, tendo o oficial da policial nacional tido apenas que a audiência decorreria a porta fecha.

Julgamento dos 37 cidadãos acusados de tentativa de golpe de estado decorre na 14ª Secção dos Crimes comuns do Tribunal Provincial de Luanda e está a ser conduzido pelo juiz João António Eduardo Agostinho, auxiliado pelo juiz Januário Domingos, este último julgou e condenou os “15+Duas”, também acusados na altura de tentativa de golpe de estado ao presidente José Eduardo dos Santos.

Acompanhe aqui a reportagem na página da Rádio Angola

Perguntas e sugestões podem ser enviadas para [email protected]. A Rádio Angola – uma rádio sem fronteiras – é um dos projectos da Friends of Angola, onde as suas opiniões e sugestões são validas e respeitadas.

Radio Angola

Radio Angola aims to strengthen the capacity of civil society and promote nonviolent civic engagement in Angola and around the world. More at: http://www.friendsofangola.org

Leave a Reply